Maze Runner: Correr ou Morrer (2014)



Algo bem óbvio em se tratando de cinema (exceto em caso de documentários, é claro), é que tudo parte de uma ilusão que envolva a plateia.
O desafio de convencer o público de que os fatos que vão ser retratados em 1h e meia, 2 horas, ou 3 horas, dependendo do caso, são "reais" naquele contexto.
Ou seja: se não nos importarmos com isso a ponto de haver algum incômodo ou simpatizar com o que for motivo de celebração, pra que perder tempo assistindo?
Só que isso apenas funciona de modo efetivo se posto em prática desde os primeiros minutos.



No "Maze Runner", por exemplo, essa distopia na qual jovens são enviados de tempo em tempo pra um pedaço de terra arborizada isolado do mundo por altas muralhas e denominado A Clareira, requer que a sensação de estar confinado nesse espaço chegue ao espectador.
É a primeira informação relevante que é transmitida, e o que move o protagonista, sendo que tanto a limitação espacial provocada pelas muralhas, quanto o ímpeto por liberdade incorrem diretamente disso.
O heroi convencional interpretado pelo Dylan O'Brien se alimenta dessa situação pra ser o ponto catalisador de mudança na comunidade, estabelecida em um modo de vida plenamente adaptado a onde eles vivem, sem fazer ideia dos porquês a serem revelados em momento conveniente.
Acontece que, o modo de contar uma história torna ela menos ou mais interessante, e o didatismo do aprendizado repassado ao novato, começando sempre com algo no estilo "Isso é o que chamamos (((insira qualquer informação referente ao labirinto aqui))), e serve para/está aqui há tempos/ninguém voltou vivo" é só um dos fatores tediosos em uma construção que além do mais, precisa de algum cuidado na distinção dessa história em relação a tantas outras similares.
Afinal, quem não lembrar da franquia "Battle Royale", ou da "Jogos Vorazes", ou quem sabe dos seriados "Lost", e "Persons Unknown", ou várias outras obras, é por não conhecer as obras mencionadas, ou por estar deixando passar uns detalhes bem evidentes.



Porém, sempre partindo do pressuposto de que mesmo assim um roteiro pode surpreender, não é por elementos parecidos que algo deve ser considerado ruim, mas sim pela utilização que faz desses elementos.
Então, bons personagens, e um enredo bem elaborado e conduzido, podem inverter o jogo.
No caso de Maze Runner, o filme não possui um único ator digno de menção devido a um trabalho marcante no longa-metragem, e isso influencia muito.
Isso não colabora pra que o espectador compre a ideia, e em sua rasteira e tacanha condução da trama oriunda do livro do James Dashner, o cineasta encarregado fica no convencional e não se arrisca, em um enredo que poderia com certeza ser bem melhor aproveitado.
O que mais ou menos torna mais interessantes os 113 minutos de filme é a premissa e algum resquício de suspense que se sobressai ao protagonista de personalidade heroica e inquisitiva de sempre.
Mas nas reviravoltas que só não previsíveis quando são absurdas e sem sentido, embates nulos entre runners e seus algozes grievers, e várias certezas que o roteiro falha em esconder, Maze Runner é do início ao fim um tempo dedicado a comprovar que toda surpresa que o filme almeja é evidente bem antes de acontecer.


Assim sendo, mesmo com toda a tentativa de criar uma nova saga juvenil forte o bastante pra ter seu novo episódio periodicamente, e influenciar multidões, os clichês e clima de história já vista antes fazem o filme do diretor Wes Ball ser apenas mais um. Divertimento raso e que perde frente a outros exemplares de entretenimento disponíveis em 2014, tais quais "Guardiões da Galáxia", "Capitão América: O Soldado Invernal", "Operação Big Hero", e me arrisco a dizer, até "O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos" consegue ser bem mais divertido de assistir.
Maze Runner é algo que pra temporadas competitivas e cheias de blockbusters é sempre menos do que o esperado, e que não vai ajudar uma franquia engatinhando na primeira tentativa no cinema, mas que ainda deve ter uma nova chance de se destacar em um próximo filme considerando o baixo orçamento e a arrecadação nas bilheterias.
Não que isso ateste qualidade, mas ao menos o salva de ser mais uma pretensiosa franquia de um filme só.


Quanto vale:


Maze Runner: Correr ou Morrer. Recomendado para: passar o tempo (ou desperdiçá-lo) sem nenhum compromisso, quando a lista de filmes pra assistir estiver no final.

Maze Runner: Correr ou Morrer
(Maze Runner)
Direção: Wes Ball
Duração: 113 minutos
Ano de produção: 2014
Gênero: Ação/Aventura/Ficção Científica

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