The Babadook (2014)


Inicialmente acreditei eu que esse longa-metragem australiano consistia apenas em cumprir tabela no quesito filmes sobre possessão. Ledo engano, pois o que vemos em Babadook é uma eficiente história de terror, construída milimetricamente e sem atropelos, tudo friamente calculado para o final que, se não é surpreendente, também está longe de ser decepcionante.

O grande trunfo do roteiro, concebido ela própria diretora Jennifer Kent, é enfatizar as relações humanas no núcleo central de personagens. Na trama, uma mãe solteira (Essie Davis) fica abalada após a morte do marido. Para piorar, o filho dela (Noah Wiseman) é atormentado por sonhos referente a um estranho ser que almeja matá-los e que também está em um perturbador livro de histórias. Reparem que o título do filme bem que pode ser um anagrama para A Bad Book.


No desenvolvimento da história é impossível não tecer elogios para atuação de Essie Davis, que se vê às voltas como uma mãe solitária tentando compreender os delírios de um filho criado distante da figura paterna. Bem como para a atuação do garoto, que em vários momentos se mostra uma mala tão sem alça que uma dúzia de chutes na cara seria considerado um castigo brando.

A tensão criada no decorrer da história, onde a personagem confunde o que é real e e o que não é, se torna uma das peças fundamentais para o envolvimento na trama. Também vale destacar alguns ecos do cinema de horror mais old school. O exemplo mais gritante nesse caso é o filme Shock, do italiano Mario Bava.


Eu apreciei muito a mão firme da diretora, principalmente quando, necessário, varreu para baixo do tapete os efeitos especiais em CGI e optou por efeitos mais pragmáticos, dando assim maior veracidade ao conflito interno da mãe protagonista.

Essie Davis (E) e Jennifer Kent (D)

Porém, ao meu ver o único deslize do longa-metragem é o design da criatura que desencadeia o conflito da trama. O bicho possui um visual tosco não devido a sua natureza assustadora, mas sim, por ser assustadoramente mal feito. A sorte que a estreante diretora soube contornar esse problema e o apresentou, na maior partes das vezes, em close. 

Méritos também para a escolha da trilha sonora, que foi conduzida na medida certa para fugir daqueles ocasionais sustos abruptos, mas sim, com o intuito de fazer o espectador mergulhar em uma espiral surrealista de suspense.

Recomendado para: Quem quer assistir uma metáfora sobre maternidade e depressão.



Título: The Babadook
Direção: Jennifer Kent
Ano de Produção: 2014
Gênero: Drama/Horror
Tempo de duração: 93 minutos

Previous
Next Post »