170 anos do Corvo


O poema O Corvo é uma das grandes obras do Edgar Allan Poe. O poema foi publicado no dia 29 de janeiro há 170 anos, mas as sílabas e os versos desse poema não envelheceram uma sílaba sequer, pelo contrário, O Corvo é lido e relido em saraus literários, é objeto de estudos acadêmicos, já serviu de base para filmes, HQs, peças de teatro e inspirou até episódio dos Simpsons.

O Corvo, obra que surgiu na seara do romantismo do século XIX, é aquele texto que joga na cara do leitor o poder da escrita. Se Da Vinci conseguia unir linhas e retas para conceber maravilhas, se Beethoven unia dó, ré e mi e criava melodias sublimes, Edgar Allan Poe, com o seu O Corvo, mostrou o que os escritores (esses seres que brincam com as letras) podem fazer quando utilizam o seu principal instrumento de trabalho: as palavras.

“Nunca mais” são as duas míseras palavras que ditam o ritmo musical do poema O Corvo. Poe, nesse poema, foi um habilidoso arquiteto das palavras, pois ele combinou rimas e sílabas como se estivesse construindo um edifício, tijolo por tijolo, letra por letra.

Esse poema, que narra o encontro de um homem solitário com a ave que dá título ao texto, é uma reflexão sobre o amor e a morte, dois temas comuns dentro do cenário da literatura romântica do século XIX.

A figura do corvo simboliza a lembrança da sua mulher amada. Por mais mórbido e anti-romântico que isso possa parecer, nas mãos de Edgar Allan Poe, acreditem, se tornou verdadeira poesia.

O Corvo, que é um verdadeiro engenho construído no idioma britânico, foi traduzido para o francês pelas mãos de poetas como Charles Baudelaire e Mallarmé. As mãos que traduziram O Corvo para o idioma de Camões foram Machado de Assis e Fernando Pessoa. Porém, que me desculpe o maior escritor brasileiro, mas a tradução do Pessoa se aproximou tanto da musicalidade do original que dá até a impressão que o cara entrou na mente do Edgar Allan Poe.

Para celebrar os 170 anos dessa maravilha da literatura mundial, vale assistir a esse vídeo em que Vincent Price encarna o soturno personagem que em uma “meia-noite agreste lia, lento e triste, curiosos tomos de ciências ancestrais”.


Previous
Next Post »