Foi
até rápido pra o público iniciar os palpites de quem seria o
próximo 007, dessa vez.
Até
gerou certa polêmica a sugestão de que o Idris Elba pudesse
assumir o papel do icônico agente secreto.
Mas
fato é que, de algo muito promissor, o personagem interpretado pelo
Daniel Craig ficou monótono.
Em
grande parte apenas mantido uma alternativa aceitável pelo primeiro
filme, “Cassino Royale”, e seu jogo de lutas sujas com um
pastiche de relance.
Depois
vieram o muito criticado “Quantum of Solace”, e o
tenteando estilo “Skyfall”, sem que nenhum deles tenha
replicado a aura bem aceita no primeiro filme, e que apostava na
tendência dos agentes JB (Jason Bourne, Jack Bauer, e agora o
próprio personagem do Ian Fleming).
“Spectre”
existe com esse fardo nas costas. De quem sabe ser o sopro de fôlego
novo, ou um aceno de despedida.
A
trama se abastece inicialmente do que todo mundo já viu.
É
uma sequência louca de ação louca em que James Bond aparece
com uma bond girl, e depois persegue alguém em locação
movimentada, pra depois resultar em morte e destruição.
Quem,
por qual motivo, ou qualquer outra informação irrelevantes são.
Depois,
claro, uma dose de familiaridade que vem junto com a constatação de
que o protagonista é tipo aqueles policiais oitentistas quebrando
regras e causando perda de prestígio de seus superiores.
Principalmente
é ruim pro M (interpretado pelo Ralph Fiennes,
substituindo a Judi Dench), que não faz muito no filme além
de resmungar um pouco.
Pro
Daniel Craig tá tranquilo, porque a missão dele não envolve
muito uso de massa encefálica, e ele apenas parte em busca de seu
próximo alvo sempre a partir de alguma informação mínima
balbuciada pela última pessoa que ele interroga, e depois parte pra
espancar mais gente.
Isso
tudo sem nada que faça parecer que esse é um filme dirigido pelo
oscarizado Sam Mendes. Se mesmo em “Skyfall” o
cineasta havia vez ou outra mostrado intenção de apresentar
inventividade, “Spectre” é comum. Apenas.
Isso
é visto infectando tudo.
De
elenco a cenas de ação.
Ao
ponto de mesmo contando com atores que poderiam certamente
impulsionar tensão e algum drama, o máximo obtido é um filme de
tiroteio genérico.
E se
alguém poderia até duvidar da capacidade da bond girl interpretada
pela Léa Seydoux, ainda não seria de negar que a Monica
Bellucci poderia ter papel melhor na trama, além de que o mesmo
Dave Bautista que sob a direção do James Gunn foi
parte do aplaudido “Guardiões da Galáxia”, dessa vez não
protagonizou sequer uma cena de luta que preste, mesmo sendo o vilão
truculento principal do filme.
Porém,
é a apatia do próprio 007 e de seu inimigo o que mais incomoda.
Daniel
Craig, vivendo relutantemente um retorno ao personagem vive o
modo automático de atuação que torna o roteiro sem reviravoltas
ainda mais frustrante.
Diante
dele, o premiadíssimo Cristoph Waltz que amarga um personagem
raso e mal explorado, fazendo com que sempre a plateia fique na busca
pela cena em que ele vai se apresentar enfim ameaça à altura.
No
entanto, o grau de perigo só diminui. Muito mais interessante era
quando a Spectre era apenas mistério, e quando o algoz estava
afundado nas sombras, cochichando ordens a um subalterno, porque
depois disso tudo fica direto demais, e sem graça demais.
Completam
o elenco principal Naomie Harris, Andrew Scott (como é que o
cara desperdiça o Moriarty?), Rory Kinnear,
e Ben Whishaw, todos sem grande culpa no resultado do
filme, e sem emprestar muito pra elogiar.
A
parte técnica é desempenhada no nível de competência típico da
franquia, de modo a contornar as peripécias do protagonista com som
e visual de primeira.
Isso
colabora pra que as 3 grandes explosões do filme serem ainda mais
chamativas, e pra que o longa-metragem de alto orçamento e nomes
estelares a ele ligados pareça com isso, ainda que na essência seja
apenas uma chance jogada no ralo.
O
roteiro não vai adicionando novos fatos criando um vínculo entre
eles que leve o espectador à urgência com a qual devem ser
solucionados os mistérios diante do herói.
Apenas
se empilham informações desimportantes, revelações do passado, e
locais destruídos, com uma tentativa inicial de enganar, de que vai
ser difícil, porém sem chegar ao ponto de convencer mesmo que o 007
não vai resolver tudo facilmente daqui a pouco.
E o
pior é que isso se prolonga por quase 2 horas e meia.
Tendo
faturado um amontoado considerável de $ pra um blockbuster,
“Spectre” quem sabe pareça um êxito.
Enquanto
obra cinematográfica não é, mas tendo em vista que o próprio
diretor Sam Mendes aceitou retornar ao universo que havia lhe
permitido o bastante medíocre “Skyfall”, numa dessas o
objetivo de aquisição de cifrões mascare tudo isso, e pareça que
a franquia está de vento em popa, e que em time que está ganhando
não se mexe.
Seria
uma pena.
Principalmente
pelo fato de ter sido dirigido pelo mesmo cara que realizou
“Beleza Americana” e “Estrada para Perdição”
espero que o futuro do 007 opte por um novo rumo, com novo
cineasta, e com algo mais de qualidade do que qualquer “Transformers”
consegue.
Quanto
vale:
007
Contra Spectre. Recomendado para: não entender qual o
critério pra um filme de ação comum ter mais de 2 horas.
007
Contra Spectre
(Spectre)
Direção: Sam Mendes
Direção: Sam Mendes
Duração:
148 minutos
Ano
de produção: 2015
Gênero:
Ação
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