Se a princípio parecia bem contramão
da Academia ter dois favoritos ao Oscar tão inclinados pra ação,
“Mad Max: Estrada da Fúria” e “O Regresso”
acabaram virando a mesa e fizeram com que produções que nem esse
“Brooklyn” pareçam quase deslocados nessa corrida pela
estatueta.
Acontece que enquanto no ano passado
os principais candidatos a melhor filme eram dramas (apenas “Sniper Americano” e “O Grande Hotel Budapeste” eram
rotulados com outros gêneros cinematográficos), dessa vez os dramas
estão parecendo estar na lista pra fazer número, mesmo.
A obra do diretor John Crowley
parece toda adequada pra sua presença na disputa pra aplaudir o
vencedor que for no palco buscar o prêmio. Não é que não seja a
cara do prêmio Oscar indicar filmes que nem esse. Apenas não é sua
vez de se destacar.
Adaptado da obra homônima do irlandês
Colm Tóibín, o filme narra a tentativa da jovem imigrante
irlandesa Eilis Lacey de alcançar o sonho americano, após se
despedir da mãe e da irmã que ficam em sua terra natal.
Similar em sinopse a "Era Uma Vez em Nova York", "Brooklyn" difere
principalmente no tom, muito ameno e inclinado ao gênero romântico.
A história percorre os dias de
adaptação da personagem sem sobressaltos, ou grandes dificuldades.
É bem narrada, e mantém um andamento
correto mais ou menos o tempo todo.
Não é de se esperar muito mais pra
não se decepcionar, porque o roteiro de Nick Hornby não reserva
grandes reviravoltas à frente, e quando muito há um potencial
triângulo amoroso, e alguma morte que não impressiona pelo aspecto
água com açúcar do enredo.
Quem sabe o único fator de algum
mérito a mais seja mesmo a atuação da protagonista, interpretada
pela Saoirse Ronan, uma atriz que vem cada vez mais
demonstrando maturidade ao longo da carreira, e que ano passado teve
um papel marcante no ótimo "O Grande Hotel Budapeste",
do Wes Anderson.
Em "Brooklyn" a
atuação dela é bastante sólida e competente, em um personagem que
não vive grandes percalços, ou se os vive (dependendo do ponto de
vista de quem assiste) eles são devidamente minimizados em impacto
frente à plateia.
O diretor narra a história dela, e
dos personagens interpretados pelo ator de pouco renome
Emory Cohen, e pelo Doomhnall Gleeson (de "Ex Machina", "Star Wars: O Despertar da Força"
e "O Regresso", todos indicados ao Oscar 2016)
jogando pro colo da protagonista e dos quesitos técnicos o que pode
garantir um resultado favorável no filme, que é mais ou menos o que
se imagina desde o começo.
Não existe nada que implique em maior
intensidade e a narrativa é tradicional até dizer chega.
"Brooklyn", apesar de
ter os trejeitos de filme a ser indicado, também não é nenhuma
obra-prima
Falta muito pra isso, e a narrativa é
simples sem que exista algum outro elemento que justifique chamá-lo
de postulante a melhor filme de 2015.
O que o salva é o carisma de Saoirse
Ronan, e que o longa-metragem é realizado dando um aspecto
elegante à história, em sua parcimoniosa, dramática e romântica
forma de encarar a busca pela ascensão na América, a qual no fim
acaba resumida a mais do que as riquezas que se pode acumular.
Um conto de imigrantes a respeito do
lugar pra chamar de lar.
Brooklyn.
Recomendado para: agradar quem busca um correto drama romântico sem o rótulo de comédia atrelado.
Brooklyn
(Brooklyn)
Direção: John Crowley
Direção: John Crowley
Duração:
111 minutos
Ano
de produção: 2015
Gênero:
Drama
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