Enquanto
consequência direta de um marketing violento e muito bem realizado,
a recordista bilheteria de “Star Wars: O Despertar da Força”
soma ao hype monstruosamente merecido uma latente incerteza a
respeito de sua qualidade.
Algo
bem de canto, e facilmente esquecido diante da emoção de assistir
um aguardado novo episódio da cada vez mais potencialmente longeva
franquia.
Acontece
que “Star Wars: O Despertar da Força” tem muito menos
cara de episódio de uma trilogia do que aconteceu em alguns dos
episódios anteriores, e a sua apresentação ao mundo é mais
pontapé inicial pro que agora tem que ser uma fonte infinita de
histórias de arrecadação bilionária na telona.
Se isso
influencia? Claro que sim.
Se é
pra melhor? Aí depende.
Pra
começo de conversa, o diretor J. J Abrams
atua no campo da precisão milimétrica em cada tomada. Cada pequeno elemento desempenha um papel específico e funcional pra
que o resultado seja um satisfatório filme pipoca, apto a entreter e
emular envolvimento em situações orquestradas com exímia
habilidade. Essa era a cartilha dele até passar o comando de Star Trek em "Além da Escuridão", e é o que ele busca novamente em Star Wars.
Pra isso, ele não dedica muitos minutos pra apresentações.
Até
porque, a essa altura até quem nunca assistiu nenhum dos filmes do
legado do George Lucas sabe ao menos o suficiente pra parecer descolado na conversa de bar
envolvendo Luke, Leia, Han,
e Cia.
Mesmo
que tenham se passado 31 anos desde a última vez em que se teve
notícias do Luke Skywalker em “O Retorno de Jedi”,
bastam os créditos icônicos de Guerra nas Estrelas pra em poucas linhas todo mundo estar familiarizado o suficiente com
o contexto.
Daí é
bem mais tranquilo quando o roteiro disponibiliza dois
personagens marcantes pra conduzir a trama.
Tanto a
catadora de sucata Rey (Daisy Ridley), quanto o desertor Finn
(John Boyega) trazem consigo carisma o suficiente pra esse ser um
filme fácil de assistir, e torcer por eles.
E pra falar a verdade, pra fins de justiça. mesmo, são três os personagens marcantes que emergem no começo do filme, porque o droide BB8 é de um carisma notável, e vários momentos de piadas menos efetivas são salvos por ele, numa demonstração de que os caras manjam mesmo de criar figuras emblemáticas mesmo que não haja nenhuma palavra em idioma compreensível por nós sendo emitida por eles.
E pra falar a verdade, pra fins de justiça. mesmo, são três os personagens marcantes que emergem no começo do filme, porque o droide BB8 é de um carisma notável, e vários momentos de piadas menos efetivas são salvos por ele, numa demonstração de que os caras manjam mesmo de criar figuras emblemáticas mesmo que não haja nenhuma palavra em idioma compreensível por nós sendo emitida por eles.
Não
que isso seja o suficiente pra ser um bom filme, é apenas um bom
começo.
Graças
a eles que alguns tropeços de um roteiro dependente de uma série de
coincidências conseguem passar menos incômodos.
É um
filme de fantasia espacial, mas nem por isso precisa apelar pro lado
preguiçoso da Força.
Além
disso, enquanto “refilmagem” não declarada do primeiro Star
Wars, lá de 1977, “O Despertar da Força” veio com a
obrigação de ao menos amarrar os acontecimentos com um pouco mais
de criatividade do que o tradicional “ele estava lá, justamente
onde ela estava, e justamente quando iria ocorrer tal coisa”.
Mas
tudo bem. A gente percebe, mas não estraga a sessão.
Abrams,
afinal, tem muitas jogadas na manga pra momentos que nem esse em que
o roteiro à disposição não está no nível de “O Império
Contra-Ataca”.
A
partir do momento em que Rey e Finn passam a ser mais
do que personagens de uma nova (quem sabe) trilogia, e se tornam
conhecidos da plateia, fica extremamente fácil achar cativante o
desenrolar dos fatos que vai passar pelo reencontro com Han Solo
(um Harrison Ford que
parece nunca ter saído do personagem), e Leia
Organa (Carrie Fisher
esbanjando imponência em sua
mais célebre personagem), e alguns outros rostos familiares. Também ocorre a apresentação do novo nêmesis, Kylo Ren,
e a nova tenteada dos vilões, dessa vez com a superlativa
Starkiller.
A
narrativa investe na leveza da condução dos fatos, e em momentos de
ação que fortalecem os laços tanto dos personagens entre si,
quanto deles com a plateia, já convencida de que esse não será um
“A Ameaça Fantasma”.
De todo
modo, os elos fracos da corrente vez ou outra reaparecem, seja na
fragilidade de algumas amarrações do roteiro, ou no ainda
inconsistente opositor que por enquanto apenas almeja representar a
antítese às pretensões pacíficas que foi Darth Vader.
Por
mais que se considere que Kylo Ren ainda vai ser desenvolvido
e terá suas convicções e motivações aprimoradas em um novo
filme, no contraponto apresentado na personagem Rey, ele
empalidece muito rápido.
Até
por ser intento do longa-metragem torná-la quase imediatamente peça central
dessa nova etapa da saga espacial, algumas das ocasiões escolhidas
pra que ela se fortaleça obrigam a figura de Kylo Ren a ser
diminuída e relegada a papel de escada pra ela.
Mais ameaçador que ele, por exemplo chega a ser o General Hux, interpretado pelo Doomhnall Gleeson, que na teoria seria só um
capanga do substituto do Império, que atende pela alcunha Primeira Ordem.
Isso
fica bastante evidente no ato final, que força as coisas nesse
sentido, tornando Kylo um inimigo arroz de festa dos mais
episódicos, sendo relevante pro todo muito mais por uma de suas
atitudes que vai mudar o desenrolar da trama em futuros filmes.
Ademais,
outros personagens secundários dignos de nota pelos seus intérpretes
são o pouco mais que participação especial Poe Dameron de Oscar
Isaac, a sub-aproveitada Capitão Phasma, de Gwendoline Christie,
e a surpresa com a interessante personagem Maz Kanata de Lupita
Nyongo.
Enquanto
isso, Finn se mostra um aliado útil, e sua função de alívio
cômico não reduz sua importância no relacionamento com a
protagonista Rey, a qual traz pros ombros da Daisy Ridley o peso de
estar à frente de um universo novo que se revela diante da plateia.
Menos
mal que o elenco protagonista na maior parte fez jus ao hype
esperado, injetando drama nas personas que agora são pra
tantas gerações que formam filas nos cinemas.
Abrams
presenteou a todos com um desenvolvimento suficientemente divertido, e
umas porções dramáticas visando comover, além do pacote que
inclui cenas de ação frenéticas e divertidas, efeitos especiais
caprichados (mas que ainda não são capazes de sobrepujar as
imponentes naves da trilogia clássica), e várias dúvidas quanto à
história, que se tornam certeza de um promissor porvir pro que o próprio George Lucas não sonhava poder extrapolar barreiras de idade dessa forma, e os
rótulos de filme pra adolescente e nerd, se fazendo marcante e
presença garantida nas sessões de cinema de algumas outras gerações
que haverão de vir.
Star
Wars: O Despertar da Força. Recomendado para: viver o início dessa nova epopeia espacial.
Star
Wars: O Despertar da Força
(Star
Wars: The Force Awakens)
Direção:
J. J. Abrams
Duração:
135 minutos
Ano
de produção: 2015
Gênero:
Ficção Científica/AventuraSign up here with your email
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