Deadpool (2016)



Vão sobrar justificativas pejorativas de críticos alegando que o sucesso comercial de "Deadpool" é reflexo da degradação do cinema, sociedade, etc, etc.
Não é meu papel aqui tentar dizer que é mesmo ou que isso é viagem de gente turrona infeliz porque "A Origem da Justiça" foi o vexame de crítica já previsível tempos atrás quando começaram os anúncios a respeito dos atropelos desse novo do Snyder.
O que eu tento sempre é apenas verificar se existe o suficiente de diversão, estilo, qualidade, arte, ou o que quiserem chamar, em um filme pra que eu possa indicar pra vocês assistir.
Daí o lance do Ingressômetro lá no fim da postagem.
Mais simples impossível.



Tanto quanto o filme do diretor Tim Miller parecia que ia ser.
De certa forma ele até é.
Trata-se de um filme de origem, a respeito de um personagem sem grandes dilemas a não ser qual a piada ideal pra que sua próxima frase rende nem que seja um facepalm.
Interpretando o cara, um Ryan Reynolds seguidamente alvo de maledicências pelos ditos entendidos de cinema do planeta. Eu mesmo não tenho muito a elogiar da filmografia do cara, que lembrando de susto aqui só posso destacar "Enterrado Vivo" (um exemplar exercício de estilo muito bem conduzido pelo Rodrigo Cortés) e “Protegendo o Inimigo (no qual ele teve a sabedoria de ser ofuscado pelo Denzel Washington pra que esse seja um filme divertido).
Então, qual é a desse afundado em hype e teimoso lançamento que rejeitou o fracasso da primeira versão do personagem, vista em "X-Men Origens: Wolverine"?



Começando pelo engajamento desavergonhado de Ryan Reynolds em trazer de volta o personagem às telas, o "Deadpool" repaginado pra ser o que é nas HQs conta ainda com um roteiro afiadaço pelo Paul Wernick e pelo Rhett Reese, e uma direção harmoniosa com seu conteúdo, providenciada pelo Tim Miller, e isso, meus amigos, já é bastante coisa nesse ciclo de temporada após temporada com essa montoeira de filme que garante faturamento no trailer, pra o cara sair resmungando da sala que "só valeu pelos efeitos".
Claro que ser bem realizado é outra parada.
Mas convenhamos, que mesmo os detratores precisam (ou deveriam) reconhecer que o trabalho dos envolvidos é bem feito.
"Deadpool" se farta de piadas verbais e visuais instante a instante, usufruindo da liberdade da Censura R pra ser gratuito e descarado sempre que der na tela, zoando franquias de quadrinhos, personagens, o estúdio, e a própria filmografia do ator protagonista.
Nem todas funcionam, mas o suficiente pra que seu tempo de metragem passe voando, e aquele ranço dos filmes de origem ser esquecido em um ritmo certeiro pra que no fim do filme todo mundo seja plenamente identificável pro espectador, que riu de várias piadas, curtiu umas cenas de pancadaria bem feitas, e teve que reconhecer que dessa vez o Ryan Reynolds entregou uma boa atuação pro personagem que interpreta, e que merecidamente vira franquia, desde já melhor que a do Wolverine, por exemplo.
E essa entrega ao clima do filme, que apesar de ter sido pensado pra ser um pretendido blockbuster soa quase indie em vários momentos, é bem visível em todo mundo que atua nele, seja o interesse romântico reprovável pelo bom mocismo, na atuação da Morena Baccarin, ou os X-Men em participação especial, Colossus (Stefan Kapicic), e Negasonic (Brianna Hildebrand), que desempenham funções bem específicas na trama, servindo de escada pra zoeira.



Compensando esse levante de seriedade extrema que DC/Warner parecem almejar considerando a trilogia Batman/Nolan, e os dois filmes com o Superman pelo Snyder, e a grandiloquência sempre às voltas nas megassagas do Marvel Studios, "Deadpool" consegue ser mais que um alívio cômico.
Também não se enganem esperando demais.
Vai divertir, numa dessas ofender um tanto, mas é bem perceptível o bastante de criatividade pra esse não ser só um besteirol parodiando heróis.
Seja quebrando a quarta parede, ou rejeitando o heroísmo sempre que possível, Deadpool é bem-sucedido em ser a diversão autossuficiente que pode até ser um fracasso desastroso em um próximo filme, porém divertiu o suficiente nesse primeiro pra que um ingresso não seja gasto em vão.



Quanto vale:


Deadpool. Recomendado para: ser o filme que conseguiu se sobressair em uma temporada que conta ainda com os ícones de Marvel e DC esbofeteando uns aos outros.

Deadpool
(Deadpool)
Direção: Tim Miller
Duração: 148 minutos
Ano de produção: 2016
Gênero: Ação/Comédia

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