Vão
sobrar justificativas pejorativas de críticos alegando que o sucesso
comercial de "Deadpool"
é reflexo da degradação do cinema, sociedade, etc, etc.
Não
é meu papel aqui tentar dizer que é mesmo ou que isso é viagem de
gente turrona infeliz porque "A
Origem da Justiça"
foi o vexame de crítica já previsível tempos atrás quando
começaram os anúncios a respeito dos atropelos desse novo do
Snyder.
O
que eu tento sempre é apenas verificar se existe o suficiente de
diversão, estilo, qualidade, arte, ou o que quiserem chamar, em um
filme pra que eu possa indicar pra vocês assistir.
Daí
o lance do Ingressômetro
lá no fim da postagem.
Mais
simples impossível.
Tanto
quanto o filme do diretor Tim
Miller
parecia que ia ser.
De
certa forma ele até é.
Trata-se
de um filme de origem, a respeito de um personagem sem grandes
dilemas a não ser qual a piada ideal pra que sua próxima frase
rende nem que seja um facepalm.
Interpretando
o cara, um Ryan
Reynolds
seguidamente alvo de maledicências pelos ditos entendidos de cinema
do planeta. Eu mesmo não tenho muito a elogiar da filmografia do
cara, que lembrando de susto aqui só posso destacar "Enterrado
Vivo"
(um exemplar exercício de estilo muito bem conduzido pelo Rodrigo
Cortés)
e “Protegendo
o Inimigo”
(no qual ele teve a sabedoria de ser ofuscado pelo Denzel
Washington
pra que esse seja um filme divertido).
Então,
qual é a desse afundado em hype e teimoso lançamento que rejeitou o
fracasso da primeira versão do personagem, vista em "X-Men Origens: Wolverine"?
Começando
pelo engajamento desavergonhado de Ryan
Reynolds
em trazer de volta o personagem às telas, o "Deadpool"
repaginado pra ser o que é nas HQs conta ainda com um roteiro
afiadaço pelo Paul
Wernick
e pelo
Rhett Reese,
e uma direção harmoniosa com seu conteúdo, providenciada pelo Tim
Miller,
e isso, meus amigos, já é bastante coisa nesse ciclo de temporada
após temporada com essa montoeira de filme que garante faturamento
no trailer, pra o cara sair resmungando da sala que "só valeu
pelos efeitos".
Claro
que ser bem realizado é outra parada.
Mas
convenhamos, que mesmo os detratores precisam (ou deveriam)
reconhecer que o trabalho dos envolvidos é bem feito.
"Deadpool"
se farta de piadas verbais e visuais instante a instante, usufruindo
da liberdade da Censura R pra ser gratuito e descarado sempre que der
na tela, zoando franquias de quadrinhos, personagens, o estúdio, e a
própria filmografia do ator protagonista.
Nem
todas funcionam, mas o suficiente pra que seu tempo de metragem passe
voando, e aquele ranço dos filmes de origem ser esquecido em um
ritmo certeiro pra que no fim do filme todo mundo seja plenamente
identificável pro espectador, que riu de várias piadas, curtiu umas
cenas de pancadaria bem feitas, e teve que reconhecer que dessa vez o
Ryan
Reynolds
entregou uma boa atuação pro personagem que interpreta, e que
merecidamente vira franquia, desde já melhor que a do Wolverine,
por exemplo.
E
essa entrega ao clima do filme, que apesar de ter sido pensado pra
ser um pretendido blockbuster soa quase indie em vários momentos, é
bem visível em todo mundo que atua nele, seja o interesse romântico
reprovável pelo bom mocismo, na atuação da Morena
Baccarin,
ou os X-Men
em participação especial, Colossus
(Stefan
Kapicic),
e Negasonic
(Brianna
Hildebrand),
que desempenham funções bem específicas na trama, servindo de
escada pra zoeira.
Compensando
esse levante de seriedade extrema que DC/Warner
parecem almejar considerando a trilogia Batman/Nolan,
e os dois filmes com o Superman
pelo Snyder,
e a grandiloquência sempre às voltas nas megassagas do Marvel
Studios,
"Deadpool"
consegue ser mais que um alívio cômico.
Também
não se enganem esperando demais.
Vai
divertir, numa dessas ofender um tanto, mas é bem perceptível o
bastante de criatividade pra esse não ser só um besteirol
parodiando heróis.
Seja
quebrando a quarta parede, ou rejeitando o heroísmo sempre que
possível, Deadpool
é bem-sucedido em ser a diversão autossuficiente que pode até ser
um fracasso desastroso em um próximo filme, porém divertiu o
suficiente nesse primeiro pra que um ingresso não seja gasto em vão.
Quanto
vale:
Deadpool.
Recomendado
para:
ser o filme que conseguiu se sobressair em uma temporada que conta
ainda com os ícones de Marvel e DC esbofeteando uns aos outros.
Deadpool
(Deadpool)
Direção:
Tim
Miller
Duração:
148 minutos
Ano
de produção: 2016
Gênero:
Ação/Comédia
Sign up here with your email
EmoticonEmoticon