O Bom Dinossauro (2016)



Depois daquele início devastador, que acontece meio seguido com novos subgêneros de cinema, os longa-metragens de animação em CG tiveram aquela queda de qualidade que é típica de um segmento que teve filmes demais em curto espaço de tempo.
Sejam os filmes de heróis, ou os emulando o caseiro dos found-footage, todo mundo viu essa queda de qualidade em algum momento.
Mas ainda que sintomático, isso não costuma representar o fim dos bons filmes apostando nessas estéticas e formas narrativas.
A Pixar, por exemplo, viu isso rolar com jeito de que não ia ter jeito de voltar ao auge, mas isso aconteceu ano passado com o oscarizado "Divertida Mente".
"O Bom Dinossauro", novo lançamento do estúdio, ainda que possa soar só mais um enche-sala de cinema, é mais um exemplar dessa tentativa constante de apresentar o novo arrasa-quarteirão com essência de clássico.




O roteiro que o diretor Peter Sohn traz às telas é uma trama de amadurecimento com o protagonista, o brontossauro Arlo (dublado pelo Raymond Ochoa), um extremamente medroso dinossauro em uma época em que os dinossauros parecem mais humanos que os humanos.

Isso porque o tal meteoro, aquele, passou raspando o planeta azul, e a extinção ficou pra outra hora.
Assim sendo, a família do Arlo é composta por fazendeiros com técnicas muito interessantes de cultivo aproveitando as vantagens físicas da espécie.
E ainda que a família do personagem principal tenha características bem definidas, e não pareça apenas um amontoado de criaturas, é fato claro que a ligação entre pai e filho é o ponto crucial no núcleo familiar.
Arlo e seu pai (dublado pelo Jeffrey Whright) vão utilizar o primeiro ato pra fortalecer os laços entre eles e com o público.



Isso não sem ausência de umas sacadas esperadas, mas ainda assim não desprovida de algum impacto emocional. Existe veemência o bastante na história pra que a plateia se envolva, por mais que o filme falhe em emular o "clássico da animação", que acaba sendo um fardo desnecessário imposto pela própria indústria em virtude de acertos pregressos.
Isso não impede de essa trajetória ser uma bem narrada história, e que possui além do lance pai e filho, a interação com o humano Spot (na voz do Jack Bright) enquanto forma de conduzir Arlo a um novo patamar.
Do aprendizado a duras penas, passando por vários momentos de aventura, e com jeito de western algumas vezes, a jornada rende várias cenas marcantes, com destaque para a definição de família em linguagem convencionada pela dupla de viajantes, em uma ocasião que é de uma criatividade e peso dramático acima da média.


Sem importar o grande fardo depositado em cada nova produção da Pixar, e sim se esse é um filme infantil que diverte e envolve, "O Bom Dinossauro" passa no teste com tranquilidade, ainda que longe de pretensões de clássico ou melhor animação da temporada.
Eventuais problemas narrativos, no entanto, não ofuscam sua bem estruturada história, e aquela capacidade rara de conversar com o público infantil sem alienar a plateia adulta que também contribui pra bilheteria nos cinemas.
A caminhada de volta à montanha Clawtooth tem muito pra ensinar. Daquelas dicas simples e complicadas de pôr em prática.


Quanto vale:



O Bom Dinossauro. Recomendado para: ser um filme ok, tendo mais acertos que falhas.

O Bom Dinossauro
(The Good Dinosaur)
Direção: Peter Sohn
Duração: 93 minutos
Ano de produção: 2016
Gênero: Aventura

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