Depois
daquele início devastador, que acontece meio seguido com novos
subgêneros de cinema, os longa-metragens de animação em CG tiveram
aquela queda de qualidade que é típica de um segmento que teve
filmes demais em curto espaço de tempo.
Sejam
os filmes de heróis, ou os emulando o caseiro dos found-footage,
todo mundo viu essa queda de qualidade em algum momento.
Mas
ainda que sintomático, isso não costuma representar o fim dos bons
filmes apostando nessas estéticas e formas narrativas.
A
Pixar,
por exemplo, viu isso rolar com jeito de que não ia ter jeito de
voltar ao auge, mas isso aconteceu ano passado com o oscarizado
"Divertida Mente".
"O
Bom Dinossauro",
novo lançamento do estúdio, ainda que possa soar só
mais um enche-sala de cinema, é mais um exemplar dessa tentativa
constante de apresentar o novo arrasa-quarteirão com essência de
clássico.
O
roteiro que o diretor Peter Sohn traz às telas é uma trama
de amadurecimento com o protagonista, o brontossauro Arlo
(dublado pelo Raymond Ochoa), um extremamente medroso dinossauro em
uma época em que os dinossauros parecem mais humanos que os
humanos.
Isso
porque o tal meteoro, aquele, passou raspando o planeta azul, e a
extinção ficou pra outra hora.
Assim
sendo, a família do Arlo
é composta por fazendeiros com técnicas muito interessantes de
cultivo aproveitando as vantagens físicas da espécie.
E
ainda que a família do personagem principal tenha características
bem definidas, e não pareça apenas um amontoado de criaturas, é
fato claro que a ligação entre pai e filho é o ponto crucial no
núcleo familiar.
Arlo
e seu pai (dublado pelo Jeffrey Whright) vão utilizar o primeiro ato pra
fortalecer os laços entre eles e com o público.
Isso
não sem ausência de umas sacadas esperadas, mas ainda assim não
desprovida de algum impacto emocional. Existe veemência o bastante
na história pra que a plateia se envolva, por mais que o filme falhe
em emular o "clássico da animação", que acaba sendo um
fardo desnecessário imposto pela própria indústria em virtude de
acertos pregressos.
Isso
não impede de essa trajetória ser uma bem narrada história, e que
possui além do lance pai e filho, a interação com o humano Spot
(na voz do Jack Bright) enquanto forma de conduzir Arlo
a um novo patamar.
Do
aprendizado a duras penas, passando por vários momentos de aventura,
e com jeito de western algumas vezes, a jornada rende várias cenas
marcantes, com destaque para a definição de família em linguagem
convencionada pela dupla de viajantes, em uma ocasião que é de uma
criatividade e peso dramático acima da média.
Sem
importar o grande fardo depositado em cada nova produção da Pixar, e sim se esse é um filme infantil que
diverte e envolve, "O
Bom Dinossauro"
passa no teste com tranquilidade, ainda que longe de pretensões de clássico ou melhor animação da temporada.
Eventuais
problemas narrativos, no entanto, não ofuscam sua bem estruturada história, e
aquela capacidade rara de conversar com o público infantil sem
alienar a plateia adulta que também contribui pra bilheteria nos
cinemas.
A
caminhada de volta à montanha Clawtooth tem muito pra ensinar.
Daquelas dicas simples e complicadas de pôr em prática.
O
Bom Dinossauro. Recomendado
para: ser um filme ok, tendo mais acertos que falhas.
O
Bom Dinossauro
(The
Good Dinosaur)
Direção: Peter Sohn
Duração: 93 minutos
Ano
de produção: 2016
Gênero:
Aventura
Sign up here with your email
EmoticonEmoticon