Em meados desses tempos que passaram,
um grande diretor optou por uma decisão ousada e arriscada.
Muita gente diria precipitada, e eu
diria que mandou bem na decisão.
Após estruturar vários dos pilares do
hoje chamado “Cinema de HQs” (outrora um mero fedor), Sam
Raimi viu o império que ajudou a erguer com Homem-Aranha, e
Homem-Aranha 2, ser reduzido a churume com a interferência de
estúdio em Homem-Aranha 3.
O cara não quis mais saber.
Ao abandonar o barco e permitir espaço
pra outro prosseguir contando as histórias do Nerd-teia (no caso, o
diretor Marc Webb, em O Espetacular Homem-Aranha),
Raimi poderia escolher o que bem surgisse na sua mente.
Recentemente ele
produziu um remake de seu trash-poético, na nova versão de EvilDead, dirigida pelo Féde Alvarez.
Mas não era
apenas esse retorno às raízes o que parecia que o cineasta buscava.
Tão inusitado é
ver o nome de Sam Raimi vinculado a um filme de fantasia,
voltado ao público infanto-
juvenil, que ainda agora, mesmo depois de
assistir, é um esforço complexo reconhecer este fato.Oz: Mágico e Poderoso tem lá seu estilo, com o início em preto e branco, e o clima de retrô não apenas
A forma de humor e
construção de personagens acompanha isso, do mesmo modo que a
sequência do balão é um dos raros momentos em que fica estampada a
identidade artística de Sam Raimi.
James Franco,
interpretando o mágico Oscar Diggs, é pura caricatura. Até
certo ponto isso é bastante aceitável por causa da mencionada aura
retrô, mas depois de um tempo percebe-se que é só isso mesmo.
A atuação do
cara não vai além disso, porque provavelmente foi só isso o
exigido dele.
E mesmo sendo um
filme infanto-juvenil, era esperada alguma atuação mais marcante,
afinal, este é um quase-prequel do filme clássico 1939.
Mas não.
Não
espere nada disso mesmo que o elenco tenha nomes do porte de Mila
Kunis, Michelle Williams, Rachel Weiss,
e Zach Braff (sim. O
cara do Scrubs).
Mas o visual do filme é legal.
De roteiro
tedioso, e frustrante, nada se desenvolve, nada tem graça, e nisso,
Oz: Mágico e Poderoso se assemelha demais, lamentavelmente, a
outro besteirol de fortuna bem gasta em CG: Alice no País das Maravilhas, dirigido pelo Tim Burton.
Verdade que,
aqueles que suportarem a ausência de graça encontrarão no embate
final algumas ideias a mais, que trazem à lembrança “A
Invenção de Hugo Cabret”, mas que ninguém diga que foi
enganado por mim, que disse que o filme é bom, e etc.
Pra fim de
referencial, posso dizer que, mencionando um filme recente, Oz:
Mágico e Poderoso consegue ter menos atrativos do que o também
medíocre Jack: O Caçador de Gigantes.
Pra um filme de
aventura da Disney, Oz: Mágico e Poderoso não faz rir, pouco
surpreende, e nada diz.
E mesmo que os
maneirismos tão particulares do cinema de Sam Raimi ganhem
algum espaço vez ou outra, e o início traga consigo um efeito
ligeiramente nostálgico, o fato de que essa etapa seja parte do
mesmo produto que contém mais hora e meia de marasmo e visual bem
feito não compensa.
Na esperança de
um novo bom longa-metragem do diretor, só nos resta aguardar um
retorno aos bons tempos de outrora.
Que ele não tenha
esquecido o que aprendeu em Evil Dead, Um Plano Simples, e
Homem-Aranha 2.
Aguardemos.
Quanto vale:
Recomendado para: Ninguém.
Na busca por um bom filme de fantasia, Dê valor ao seu tempo, e
assista qualquer um do Miyazaki.
Oz: Mágico e Poderoso
(Oz: Great and Wonderful)
Direção: Sam Raimi
Duração: 130 minutos
Ano de produção: 2013
Gênero: Fantasia/Aventura
Sign up here with your email