Resenha: Trasgo!

Então, gentes, saiu mais uma revista online de literatura fantástica neste Brasilzão.  No último mês do ano passado, a Trasgo lançou o seu primeiro número!


A revista Trasgo (http://trasgo.com.br/) é um projeto antigo de Rodrigo van Kampen, um brasileiro com sobrenome holandês e entusiasta da literatura de fantasia e ficção científica. A revista existe em vários formatos, PDF, Kindle, ePub e até no site dá para ler os contos.

Uma coisa interessante sobre a revista é que ela pretende trabalhar com temáticas variadas, sem se prender a temas específicos como a maioria das antologias e coletâneas que estão sendo lançadas no mercado. Outro ponto a conferir no futuro é a promessa de profissionalização da mesma em um futuro próximo, com o pagamento a autores e ilustradores.

Enquanto esperamos para ver o que acontece futuramente, vejamos o que rolou na primeira edição:

Ventania (Hális Alves): o primeiro conto da revista foi o que eu mais gostei. É um conto longo e que apresenta ideias muito interessantes sobre um futuro apocalíptico em terras tupiniquins. Os personagens são fortes e bem construídos e o ritmo é cadenciado; no início, é mais lento, mas à medida que a tensão e o clímax se aproximam, ele se torna mais um thriller do que qualquer outra coisa. O único ponto negativo é que o final foi abrupto demais; pelo tamanho do conto, seria interessante gastar mais alguns parágrafos para esclarecer melhor como as coisas aconteceram.

Azul (Karen Alves): azul é um conto curtinho e redondo da Karen Alves. Está mais para o terror do que qualquer outra coisa. Ele ganha uns pontos pela ideia amaldiçoada e pelo final interessante. Não dá para falar muita coisa sem dar spoiler (o conto é bem curto).

Náufrago (Marcelo Porto): nada pior do que conhecer o próprio destino. De uma maneira indireta, este é o mote de Náufrago. Viagens no tempo sempre deram boas histórias e algumas maluquices. O ponto interessante aqui é a utilização da nossa própria história como elo entre os fatos (normalmente, viagens no tempo envolvem eventos marcantes como o ataque à Pearl Harbor ou um pretenso assassinato de Hitler). No final, um engolir em seco é o que nos resta.

Gente é Tão Bom (Claudia Dugim): um conto engraçado e quase weird. Uma personagem que é quase a personificação do anti-herói. Uma situação absurda que beira o surrealismo. Misture tudo isso e dê algumas risadas maquiavélicas enquanto lê o ótimo conto de Claudia Dugim.

A Torre e o Dragão (Melissa de Sá): um conto de espada e feitiçaria que é longo demais. O final é previsível, pois a autora dá pistas em demasia durante o texto, o que empobrece o efeito. A ideia é interessante, mas acho que precisava ser reduzida para fortalecer o impacto do final; ou ampliada para que a interação e a história sobrepujassem o seu desfecho.

Ilustrações de Filipe Pagliuso. No final, temos uma galeria de ilustrações do sujeito que assina a capa, Filipe Pagliuso. Vale a pena um olhar mais atento, o sujeito é fera.


Resumindo, temos uma boa primeira edição. Como qualquer coletânea de contos, você, eu, nós e os outros teremos opiniões diversas sobre os textos escritos. Cada um tem o direito (e quase o dever) de gostar do que achar melhor. Esta foi minha humilde opinião, que termina com um “leia, vale a pena” final.

A.Z.Cordenonsi
Pai, marido, escritor, professor universitário 

Tem dois olhos divergentes e muito pouco tempo
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