E aqui estou eu para concluir a minha parte do Top 5+5. Coloco aqui o que mais me surpreendeu em termos de arte no ano que passou e até de outros anos, por que não?
Filmes
Doomsday Book (2012)
Filme oriundo da Coreia do Sul, dividido em três histórias diferentes que possuem um tema em comum: o fim do mundo. Todos sabem que essa conversa acerca do suposto “fim do nosso planeta” se tornou mais batido que canjica em quermesse, mas a abordagem desse assunto utilizada em Doomsday Book me surpreendeu, já que são histórias curtas que evitam descambar para o dramalhão chato e arrastado.
A primeira história, dirigida por Yim Pil-Sung, chamada Brave New World, mistura holocausto zumbi, uma maçã contaminada e sutis referências bíblicas. A segunda história, também dirigida por Yim Pil-Sung, se chama Happy Birthday e, com um tom mais irônico, fala sobre uma gigantesca bola preta de sinuca que está em colisão, pasmem, contra o nosso planeta.
Já o terceiro episódio, chamado Heavenly Creature, foi dirigido por Kim Jee-woon e conta uma história que deixaria escritores como Isaac Asimov com um sorriso de orelha a orelha. Na trama, um robô adquire consciência e alcança o nirvana.
Looper (2012)
Se na vida real viajar no tempo é inviável devido aos paradoxos físicos que só não dão um nó no cérebro do Stephen Hawking, na ficção científica a história é diferente. São tantos filmes que abordam esse tema que eu já não esperava nada desse Looper, porém felizmente fui surpreendido.
Looper foi escrito e dirigido por Rian Johnson, o mesmo diretor de Os Vigaristas, um filme meio drama, meio comédia que tem no elenco Adrien Brody e a Rachel Weisz.
Mas em Looper o diretor trilha outro caminho e aposta em uma narrativa que poderia muito bem ter sido extraída das páginas de alguma história do escritor Philip K. Dick, e nesse caso não é um demérito.
Na trama Joseph Gordon-Levitt e Bruce Wilis interpretam o mesmo personagem em uma narrativa que remete a uma interessante mistura de “De volta para o futuro e filmes de máfia”. No geral o filme cumpre com o seu intento e é uma das gratas surpresas de 2012.
The Raid (2011)
Muitos filmes de ação me deixaram desanimados nos últimos anos devido a edição frenética das cenas. Reparem que muitas produções atuais de pancadaria parecem que possuem coreografias de luta filmadas por cinegrafistas com Mal de Parkinson. Os movimentos são confusos e a edição é tão “video clip” que dificilmente distinguimos quem é quem na hora do combate.
Felizmente esse não é o caso do The Raid, filme indonésio de 2011 que, sem vergonha nenhuma, cumpre o que promete: pancadaria a cada frame. As lutas são tão viscerais que o espectador chega até a concluir que os anjos da guarda dos dublês também mereciam um salário extra.
The Raid, dirigido e roteirizado por Gareth Evans, possui uma premissa simples e direta como um soco do Chuck Norris. A trama ocorre dentro de um edifício dominado por gangsters e assassinos, localizado em uma favela de Jacarta. O prédio, considerado impenetrável e seguro pelos criminosos, é invadido por uma equipe da SWAT encarregada de prender um grande líder do tráfico. Obviamente, as coisas não saem como planejado e o que era uma missão policial se torna uma luta pela sobrevivência.
O longa-metragem foi premiado no Festival de Toronto e a Sony (por meio da Screen Gems) comprou os direitos de distribuição nos EUA e, ao que tudo indica, teremos uma refilmagem do The Raid em inglês.
Livro
O Homem do Castelo Alto (1962)
Eu sei que esse livro não foi lançado no ano passado, na verdade, foi lançado antes mesmo do homem ter pisado na lua, mas como muitos nerds conhecidos meus falavam mal dessa obra, resolvi encarar as páginas e, para a minha grata surpresa, não me arrependi.
Aliás, não entendo porque tantas pessoas vilipendiaram tal livro, já que a história dele possui muitos elementos que hoje, em pleno século XXI, fazem a alegria da ala nerd em séries e filmes do porte de Lost, Fringe e Matrix.
Mas enfim... Escrito pelo norte-americano Philip K. Dick, a história trata sobre o que aconteceria com o mundo caso os nazistas vencessem a Segunda Guerra Mundial. Além disso, a trama de O Homem do Castelo Alto mostra personagens que possuem as vidas entrelaçadas por meio do I Ching, o antigo oráculo chinês.
Sobre o autor... Bem... Philip K. Dick é um dos escritores que em suas obras mais questionou filosoficamente o que é (ou não é) a realidade. Você já assistiu Blade Runner, O Vingador do Futuro e Darkly Scanner? Pois é, essas são apenas algumas das adaptações cinematográficas baseadas em obras dele. Você já assistiu a Inception e ao filme espanhol chamado Preso na Escuridão? Pois é, não são adaptações de algum livro do Philip K. Dick, mas bem que poderiam.
Música
Rush - Clockwork Angels (2012)
Eu nunca tive preconceito em relação ao que se convencionou rotular de rock progressivo, por isso, sempre apreciei a maioria dos 19 discos lançados pelo Rush, power trio canadense oriundo do Canadá. Mas esse último trabalho de estúdio me surpreendeu positivamente. Até porque eu me questionava: Nos anos 70 a banda destilava longas canções com melodias pegajosas e precisos riffs de guitarra, nos anos 80 eles usaram e abusaram de teclados sintetizados, nos anos 90 exploraram acordes mais pesados, e agora?
Bem... O Rush uniu um pouco disso tudo e o resultado é o excelente Clockwork Angels, um dos raros casos em que uma banda não precisou se reinventar radicalmente para continuar relevante.
Em relação às letras, feitas pelo baterista Neil Peart, os temas (nesse caso felizmente) continuam os mesmos. Há inspirações em Júlio Verne, H.G. Wells e, inclusive, em uma das obras do filósofo Voltaire.
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