O cinema de animação é de deixar o
cara dividido.
Lembro bem de quando surgiu o Toy Story
e as animações CG modernosas tornaram-se uma febre, e todo mundo
sabia bem que era uma fórmula perfeita pra juntar dinheiros ao redor
do mundo.
Naqueles momentos históricos, me
pareceu interessante por demais, e eu assisti um monte dessas obras
hypadas desde o nascimento, e faturadoras de grana e prêmios.
O tempo passou e claro, tal qual toda
moda, o acúmulo de incompetentes produzindo infinitas novas
alternativas para as crianças arrastarem famílias inteiras aos
cinemas deixou um sabor amargo a quem buscava a qualidade que já foi
mais comum nesses filmes.
Agora, desse segmento eu quase não
assisto nada.
O Valente da Disney (ou A Valente da
Disney) é mais uma das produções eternamente acompanhadas por
aquela expectativa de outro filme exemplar, quase um divisor de
águas, e claro, isso é complicado de superar.
Por isso, eu nem vou comparar com um
Ratatouille, ou Up – Altas Aventuras (ambos sensacionais) ou com o
irretocável Toy Story 3.
Não seria justo de minha parte.
Valente é uma obra nova e com a
primeira protagonista feminina proveniente da Pixar, com um trailer
bem realizado, e uma caracterização marcante para sua estrela.
Claro, seria bem ruim se fosse só isso.
E claro, o visual do filme é impecável
e lindo e blábláblá. Mas isso é básico.
Nem me apresentem um filme se ele não
for assim, afinal, é um aguardado longa-metragem da Pixar/Disney.
O roteiro é que tem sido diferencial e
referência.
Em Valente, dirigido pelo Mark Andrews,
Brenda Chapman, e Steve Purcell, a nova princesa Disney segue uma
tendência.
A jovem ruiva intempestiva Merida (voz
de Kelly Macdonald) é ao mesmo tempo a fofura de quem vai ser alvo
de merchandising, e claro, a rebeldia adolescente da geração que
reclama de qualquer tentativa paternal de autoridade.
O drama da historia, alicerçado na
maior parte na diferença da visão tradicional da Rainha Elinor (voz
de Emma Thompson), e sua filha, a Princesa Merida, sinceramente, é
muito pouco convincente.
Parece sempre aquele tipo de rusga que
vai se resolver daqui a pouco, na hora da família se reunir pra ir
assistir a novela enquanto janta.
Envolta em pseudo-revolta, essa “rebeldia” da
moça cria um conflito leve e moldado pra que draminhas crepusculares
encontrem seu paralelo na vida da Princesa.
Enquanto isso, falta um vilão, um
desafio, ou qualquer coisa que nos diga que não vai ser devido às
discussões entre mãe e filha que transcorrerão os 90 e poucos
minutos de estrepulias e altas confusões em visual bonito e cenários
sublimes.
Mas é só isso mesmo.
O que poderia ser mencionado a mais é
o quanto Valente necessita das similaridades com “Como Treinar Seu
Dragão”, “A Viagem de Chihiro”, “Shrek”, e por que não,
“Ranma ½”, para justificar sua existência.
O resultado, no fim das contas, é um
filme pra se deslumbrar com cenários e primor
técnico, mas que se houver a mínima exigência, é algo pra
assistir e esquecer de imediato, antes mesmo de entregar o óculos 3D
na porta da sala de cinema.
Em seu sem propósito de motivação
que inclui a transformação em urso, a tediosa sequência da bruxa,
e um sem fim de correrias e esbarrões em objetos pra forçar humor,
Valente é uma produção que inicia girando em torno do nada e
retornando ao ponto inicial.
O que fica é a sensação de já ter
visto esse filme, e de que a Pixar já viveu tempos muito melhores.
Quanto vale
Valente
(Brave)
Direção: Mark Andrews, Brenda
Chapman, Steve Purcell
Duração: 93 minutos
Ano de produção: 2012
Gênero: Aventura / Infantil / Fantasia
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