O escritor de histórias de terror Howard Phillips Lovecraft quando era vivo sempre questionou o valor da sua obra, já que a quantidade de pessoas que liam os seus contos dificilmente lotaria um fusca. Mal sabia Lovecraft que a fama chegaria para apenas após a sua morte. O escritor esticou as canelas ainda jovem, em 1937, quando contava com apenas 46 primaveras.
Nos anos posteriores, se tornou praticamente regra qualquer escritor ser influenciado pelo universo fantástico criado pelo falecido ficcionista norte-americano. Do Alan Moore ao Neil Gaiman, do Stephen King ao China Miéville, vários escritores, mesmo que sem querer querendo, são influenciados por Lovecraft. O alcance desse autor não ficou restrito apenas nas páginas dos livros, HQs e na influência de bandas consagradas (o Metallica, o Iron Maiden e o Cradle of Filth que o digam). Há também cineastas como Stuart Gordon e Sam Raimi, que respectivamente beberam em fontes lovecraftianas para criarem os seus respectivos Re-Animator e Evil Dead.
A influência do cara para as histórias de terror é equivalente a influência do Tolkien para as histórias de fantasia. E pensar que quando ainda caminhava sobre esse planeta, Lovecraft teve uma carreira marcada por altos e baixos (principalmente baixos).
O escritor era um sujeito estranho que levava uma vida estranha. Os pais dele faleceram em instituições para doentes mentais e ele não era uma pessoa sociável. Se hoje tal comportamento misantropo pode ser uma desculpinha para nerd imitar o Sheldon, para a época era algo realmente complicado.
Com o intuito de dissecar a vida e a obra do autor, surgiu em 2008 o excelente documentário Lovecraft: Fear of the unknown. O filme, dirigido por Frank Woodward, consegue sintetizar tanto material bacana que os 90 minutos de duração passam praticamente na velocidade da luz.
Woodward relata de forma cronológica a vida conturbada do autor, desde a época que o pai dele foi internado em um manicômio até a morte em 1937, provocada por um câncer no intestino.
Na parte de entrevistas, há gente do porte de Guillermo Del Toro, Neil Gaiman, John Carpenter, entre outros. Mesmo com gente tão legal dando entrevista, um dos pontos a ser exaltado do documentário é não se limitar a depoimentos. Nesse caso, o diretor insere imagens, fotografias e arte inspiradas pela obra de Lovecraft, ou seja, um deleite para os admiradores do cara criou o mito de Cthulhu.
Outro aspecto interessante (e corajoso) do diretor foi mostrar também o polêmico pensamento de Lovecraft em relação a questões sobre xenofobia e superioridade racial, fato esse que cutuca o calo de muitos fãs.
De uma forma geral, o filme foi produzido com um alto grau de dedicação e atenção para os detalhes, é uma produção sólida e bem conduzida.
Lovecraft - Fear of the unknown - Recomendado para: Quem quiser saber de onde veio a ideia para os filmes From Beyond e O Segredo da Cabana.
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