The Party at Kitty and Stud's


Por algum capricho do destino, determinados filmes se transformam em algo que não são. Aqui no Brasil, como exemplo disso, temos o longa-metragem Amor Estranho Amor, que durante décadas ganhou a alcunha de o filme pornô da Xuxa. No entanto, dizer que esse filme com a rainha dos baixinhos no elenco é pornô soa tão equivocado quanto afirmar que o Capitão América é um filme nazisploitation.

Amor Estranho Amor, lançado em 1982, é um drama dirigido por Walter Hugo Khouri e, ao contrário do que rezam algumas lendas urbanas, não há nenhuma cena lasciva com cavalos, algemas, chicote, sabre de luz e o escambau. Há erotismo sim, mas não pornografia explícita.

Algo parecido aconteceu com o filme The Party at Kitty and Stud's, que ficou conhecido de forma equivocada como o filme pornográfico protagonizado por Sylvester Stallone.

O filme The Party at Kitty and Stud’s foi rodado em 1969 por um cidadão conhecido como Morton Lewis. Na época, afirmam as más línguas que Stallone, ainda tentando ingressar no mundo do cinema, contava com 24 anos de idade e resolveu fazer parte dessa tralha vergonhosa porque não tinha dinheiro nem para comprar um chiclé mascado.


Nesse longa-metragem, que custou a merreca de cinco mil dólares, o jovem Stallone interpreta (??) um sujeito conhecido como Stud, que vive uma relação picante com uma destrambelhada que possui o apelido de Kitty.

Stud, de repente, coloca um aviso em um mural. Nesse aviso há a convocação de pessoas desinibidas para participarem com eles de uma festinha. Tal confraternização nada mais é do que uma orgia digna de Sodoma e Gomorra.


O filme, com esse roteiro profundo como um prato de sopa,  conta sim com cenas de nudez, mas não há sexo explícito. Na verdade, é uma produção ruim até mesmo para os meus padrões de qualidade, e olha que sou um ser de assumido mau gosto. Todavia esse filme vale ao menos como registro sobre a dificuldade (e o mico) que um ator hoje famoso teve que passar antes de atingir o topo da cadeia alimentar do show business.

O filme, de uma ruindade inefável, na época do seu lançamento, teve vida curta nos cinemas e se tornou underground até mesmo dentro do cenário underground. Mas a história desse atentado em forma de obra cinematográfica mudou anos mais tarde, após Sylvester Stallone angariar fama graças ao filme Rocky - O Lutador, de 1976.

Com o intérprete do Rambo alçado ao estrelato, uma diretora de filmes para adultos, Gail Palmer, obteve os direitos sobre The Party at Kitty and Stud's e assim relançou a película reeditada e com o título de O Garanhão Italiano (quem conhece a franquia Rocky compreende que esse não é um trocadilho acidental).

O filme, como eu disse anteriormente, não mostra closes nas genitálias dos atores e atrizes como manda a cartilha do universo pornográfico. Apesar de que aquilo não não entra naquilo, a lenda urbana de que a estreia de Sylvester Stallone na sétima arte foi com putaria se espalhou pelo mundo com a velocidade de um vírus zumbi. 

Para alimentar tal lenda, uma versão picareta de O Garanhão Italiano, dessa vez pornográfica mesmo, circulou no meio undergound, mas posteriormente foi descoberto que as cenas explícitas eram oriundas de um outro filme e foram socadas ali na edição só para encher murcilha e engabelar os mais incautos.


Vale também como registro lembrar que, em 1970, depois dessa tranqueira pseudo-pornô, Sylvester Stallone protagonizou um outro longa-metragem antes de se tornar famoso. Dessa vez sob o título de O Rebelde. Eu ainda não assisti a essa outra empreitada do Stallone, até porque fiquei ressabiado com a tosquice exacerbada do trabalho anterior, mas há afirmações de que não perdi nada, visto que esse tal O Rebelde parece ser um reles filmeco sem grandes atrativos e com uma história permeada por aquela hipponguice reinante da década de 70. 

O Garanhão Italiano - Recomendado para: Só os muito curiosos que almejam ver um ator que, no começo da carreira, passou por situações muito... digamos assim... fodásticas.
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