Labirinto da Morte - Philip K. Dick


Aqueles que apreciam histórias de ficção científica podem amar Philip K. Dick do fundo dos seus respectivos corações (incluindo aí os ventrículos e artérias). No entanto é compreensível também que alguns fãs de ficção científica odeiem esse autor com a mesma intensidade. Mas, acima de tudo, é inadmissível que um adorador desse gênero não saiba nem quem é esse sujeito.

Dick concebeu histórias onde cristianismo, gnosticismo, ciência, sonhos, realidades alternativas e misticismo andavam de mãos dadas. Tudo isso, geralmente em cenários futuristas repletos de pessoas comuns que, algumas vezes, não sabem se são robôs ou se são robôs que não sabem se são pessoas.


Esse emaranhado de conceitos que pode assustar os não iniciados no universo de Philip K. Dick, mas fascina os fãs do escritor, está presente no livro Labirinto da Morte, lançado em 1968.

Em Labirinto da Morte, Dick se sente confortável para destilar as suas especulações acerca sobre realidade, Deus e metafísica, mas para o bem da sanidade dos leitores e para não matar ninguém de tédio, tais referências não são jogadas na história de forma gratuita. O escritor se preocupou em tecer uma narrativa coesa onde os conceitos filosóficos são apenas o pano de fundo.

A trama da história, como de praxe em se tratando de Philip K. Dick, ocorre no futuro. Nesse futuro, a existência de Deus é comprovada cientificamente, assim como também é confirmada a existência de uma entidade oposta a Deus. inclusive é possível entrar em contato com as referidas divindades por meio de dispositivos eletrônicos.

Nesse futuro, a história gira em torno de um grupo de homens e mulheres perdidos em um planeta deserto, sem a possibilidade de solicitarem ou receberem socorro. Cientes de que estão fodidos, os desafortunados personagens percebem que também estão submetidos a ação de forças desconhecidas e, consequentemente, um a um vão sendo mortos. O que poderia querer destruir esse personagens? Seria o mero acaso? Um experimento controlado da Terra? Seria o próprio Deus? Será tudo culpa da Dilma?

Essa sinopse nas mãos de um outro escritor poderia gerar uma boa trama de ficção científica no melhor estilo slasher movie (aqueles filmes em que o número de protagonistas é reduzido no decorrer da narrativa por causa de algum assassino serial ou algo que o valha). No entanto, sob a batuta de Philip K. Dick, temos mesmo é uma história onde os personagens, além de tentarem sobreviver, precisam descobrir qual é a natureza da realidade. E para isso, o leitor irá se deparar com os mais diversos conceitos metafísicos. 


“Ôpa, então quer dizer que para eu encarar essas páginas necessito antes ser um doutor em filosofia hegeliana e conhecer perfeitamente todos os conceitos acerca dos arquétipos junguianos da rebimboca da parafuseta?” Não, amigo leitor, nada disso. Dick não desejou escrever uma monografia, mas sim, uma história de ficção envolvendo suspense e, como recheio, algumas camadas de misticismo e ciência. E ainda bem, ele conseguiu, ainda mais com um desfecho surpreendente.

Labirinto da Morte - Recomendado para: Quem acha que todos os livros de ficção científica gastam páginas inteiras para descreverem os motores propulsores de uma nave e esquecem de narrar uma história.
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