Jack: O Caçador de Gigantes (2013)



Foi surpresa pra todo mundo quando X-Men virou uma das franquias de maior sucesso do cinema de HQs.
Porém, maior surpresa ainda foi antes, quando o nome de Bryan Singer foi anunciado pra dirigir o primeiro filme mutante (e eu falo filme, então não é aquela coisa caseira chamada Geração X), X-Men: O Filme.
O cara vinha de dois baita trabalhos, em Os Suspeitos, e O Aprendiz.
Agora, não tinha essa lata de Hollywood estampada.
No fim das contas, ele nunca chegou a ser bem “Hollywood”.
Mesmo o sucesso comercial em X-Men 2 não era bem o blockbuster típico.
E depois, quando criou um ótimo filme a partir de uma premissa de êxito questionável em Operação Valquíria, ele assumiu de vez que não tinha toda essa pretensão de ser o que a indústria gostaria que ele fosse.


O que se vê no seu mais recente filme lançado, Jack: O Caçador de Gigantes, de certa forma, é mais pra reforçar isso.

A historia não parece se encaixar ao estilo do diretor, e o enredo fantástico soa um tanto sem graça,
especialmente com a recente safra de contos de fadas modernizados.
Não parece mesmo que em nenhum momento a vida do Jack do título (Nicholas Hoult, de "X-Men: Primeira Classe") vai rumar pra outro caminho que não seja a historinha de humor protocolar a cada cinco ou dez minutos, e personagens previsíveis.
Verdade é que, em se tratando de uma versão moderna, vários são os elementos novos pra que até que o pé-de-feijão germine ainda existam motivos pra ficar na sala.
Nada de impressionante, no entanto.
O grande diferencial, no caso, é o trabalho em paralelo pra tornar a presença da princesa Isabelle (Eleanor Tomlinson) um personagem tão importante quanto o próprio protagonista.
É o tipo de escolha que não se esperaria de Bryan Singer.
Mas fato é que quase ninguém ganha $195 milhões em Hollywood sem prometer que vai fazer a aventura, ação ou roteiro, ser apetrecho do romance.
A diferença é que alguns cumprem isso à risca, e outros não.


No caso de Jack: O Caçador de Gigantes, o problema não está nem nesse aspecto.
O fator complicador é que, por mais que tenha seus momentos, ele não sai da média.

E isso pra um pretenso arrasa-quarteirões é falha qualificadora, passível de punição em bilheteria, além de transmitir a impressão de que esse filme, apesar do alto investimento em efeitos especiais, é apenas algo pra assistir em casa depois de rever as cinco temporadas do Breaking Bad, se ainda lembrar do longa-metragem após a sessão ininterrupta de um mês e pouco.
Mesmo quando Bryan Singer confere a Ewan McGregor algumas boas piadas, e alguma personalidade aos gigantes do longa-metragem, é impossível não considerar o tempo de projeção algo válido apenas “porque tava passando no shopping e não tinha nada pra fazer, daí fui assistir qualquer um que tava passando”.
E não me entendam mal.
Não quero dizer que não seja até que meio que um pouco divertido o filme.
Porém, é muito mais algo pra assistir em casa do que pra justificar todo o gasto e expectativa de ser épico jovem da temporada.

Quanto ao resto, é claro que o trabalho de Bryan Singer é correto nos aspectos técnicos, e fotografia, trilha sonora, etc, são realizados com aquela atenção aos mínimos detalhes da Cartilha do Blockbuster.
Algumas soluções meio espertas mas nada ousadas, e a tentativa de ser algo leve, evitando de maneira esmerada mostrar cada um dos momentos razoavelmente violentos que ficam sugeridos quando a edição corta repentinamente o desfecho de um golpe, apenas deixam mais que evidente a tentativa de se enquadrar aos intentos bilheteiros.

Mas quando uma obra já sai engessada dessa forma, e tem que se ajustar de maneira tão simplória pra conseguir ser realizada, talvez seja indício de que seria melhor se ela não o fosse.
E no final tem uma batalha em que o CG está até no reboco das paredes, e que é resquício do pós-Senhor dos Anéis por Peter Jackson.
E tem um vilão interpretado pelo Stanley Tucci que constrange.
Mas enfim, não importa muito.


De todo modo, enquanto passatempo rasteiro de 1h e 50 e poucos, o filme até vale a visita na falta de algum download concluído.
Mas vá sem esperar nada.
Esse não é um filme de Bryan Singer.
É uma encomenda que ele preparou pra não ficar mal com uns conhecidos que vieram e pediram pra ele, e eram uns caras das antigas, que tinham feito uns favores e tal, e daí como é que ele ia dizer não?
É o entretenimento corriqueiro e menos interessante que pouco oferece, mas que não é ruim a ponto de ofender, e com certeza desse cineasta se esperava mais.


Quanto vale:


Recomendado para: quem tem filho pequeno e procura algum filme que possa assistir com a criança, verificando mensagens no celular de vez em quando sem perder muita coisa da história.

Jack: O Cacador de Gigantes
(Jack: The Giant Slayer)
Direção: Bryan Singer
Duração: 114 minutos
Ano de produção: 2013
Gênero: Aventura/Fantasia

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