Surfer Rosa (1988) - Pixies


Quando pela primeira vez ouvi Surfer Rosa, álbum de estreia do Pixies, meus ouvidos rejeitaram a sonoridade “estranha demais” para alguém como eu, que na época estava mais habituado a distorções e palhetadas de bandas como Megadeth, Pantera e que tais. E não adiantava gente do porte de Billy Corgan, do Smashing Pumpkins, e Kurt Cobain tecerem elogios rasgados para a banda do guitarrista e vocalista Francis Black. Eu simplesmente procurava compreender porque diabos o álbum Surfer Rosa estava em toda e qualquer lista de melhores lançamentos dos anos 80.

Os arranjos que misturavam elementos acústicos com acordes distorcidos e gritos confusos soavam para mim como uma mistura tão indigesta quanto galinha enfarofada e salada de fruta.

Agora, anos mais tarde, depois da poeira ter baixado e com a mente mais aberta, resolvi redescobrir o Sufer Rosa e posso aferir tranquilamente que ter dado uma segunda chance a esse álbum foi uma sábia decisão. O disco estava realmente a frente do seu tempo.

Ali há faixas como Oh My Golly!, que mistura vocais em inglês e espanhol, e outras pérolas interessantes, como Gigantic, Cactus, Brick is Red, Someting Against You, Bone Machine e a indefectível Where’s My Mind, canção que em 1998 fez ressurgir um certo interesse na banda quando rolou nos créditos finais do filme Clube da Luta.

Com letras abordando violência, voyeurismo e outras loucuras, o Pixies só foi emplacar um hit radiofônico mesmo no segundo disco, Doolitle (1989), que é a canção Here Comes Your Man e seu riff de guitarra mais pegajoso que as teias deixadas por Peter Parker.

Não foi à toa que quando o Nirvana foi gravar In Utero, os caras chamaram para a produção Steve Albini, o produtor que esteve por trás da loucura do Surfer Rosa.

Recomendado para: Quem quer conhecer um dos discos que fez Kurt Cobain acreditar que peso e melodia podem funcionar tal qual feijão e arroz.


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