Hitchcock - Satélite Vertebral

Os espectadores mais afoitos podem até acreditar de que esse longa-metragem Hitchcok tem a proposta de ser um apanhado da obra imortalizada pelo cara que ficou conhecido pela alcunha de o mestre do suspense. Pois bem, que assistir a esse filme com essa visão irá quebrar a cara de forma épica. Na verdade, Hithcock aborda um capítulo à parte da carreira do famoso cineasta inglês, mais especificamente, o período em que ele dirigiu o clássico absoluto Psicose, lançado em 1960.

É interessante ver o cineasta enfrentando a desconfiança dos donos de estúdios ao saberem que Psicose, um livro baseado nos crimes do serial killer Ed Gein, seria adaptado para a tela grande. Bem como, a ousadia de Hitchcok em realizar tal obra de maneira quase independente, já que os estúdios fizeram vista grossa.

Também é legal ver a estratégia adotada pelo diretor ao tentar manter o final surpreendente da história bem longe do público.

Contudo, o filme desvia dos bastidores de Psicose e ruma para uma trama dispensável ao se concentrar em um conflito amoroso, em que a esposa do diretor Alma Reville (Helen Mirren) está prestes a ter um relacionamento com um amigo escritor. Pois é, infelizmente, mesmo baseado no livro Alfred Hitchcock e os Bastidores de Psicose, de Stephen Rebello, o roteiro escrito por John McLaughlin perde a chance de mostrar as intrigantes ideias e invencionices que Alfred Hitchcock utilizou para conceber uma das obras-primas do cinemão, quando dá lugar a um dispensável e esquecível romance.

O aspecto criativo do roteiro recai mesmo quando aparece o assassino Ed Gein como se fosse uma espécie de consciência maléfica de Alfred Hitchcock. Mas a coisa para por aí. De resto, ver Anthony Hopkins, sob uma maquiagem pesada, dar vida ao falecido cineasta, já é um atrativo a mais. Vale lembrar também que o elenco de apoio, com James D'Arcy, Scarlett Johansson e Jessica Biel, interpretando respectivamente Anthony Perkins, Janet Leigh e Vera Miles, cumpre bem a sua função.