Era um
tipo de sacaneação tradicional.
O nome
de Julia Roberts, tão apegado a um tipo de filme tão
específico e meloso, era mencionado nas conversas pra denegrir a
imagem de alguém. Por exemplo: fulano não assistiu o jogo porque
tava assistindo filme da Julia Roberts.
Talvez
com outras palavras, ou até subentendido, mas era assim.
Com o
passar do tempo o cara aprende, e passa a compreender que nem todo
filme do qual ela participa é igual, etc.
Mas o
que pareceu é que ela mesma não aprendeu, e tal qual todo mundo da
geração dela, acabou caindo no ostracismo.
Exemplo
diferente é o da Meryl Streep, que mesmo quando o seu filme
da temporada não agrada ao espectador, ela costuma se sair ilesa de
comentários negativos porque é a atriz destaque, e seria mesmo se o
roteiro fosse tão raso quanto o argumento de alguém que defende
“The Dark Knight Rises”.
Quem
sabe por isso principie tão potencialmente forte o filme “Álbum
de Família”, mais um dos indicados ao Oscar 2014, com um
diálogo simples entre o casal Violet (Meryl Streep),
e Beverly Weston (Sam Shepard), enquanto ele
apresenta a nova empregada da casa, encarregada de ser um auxílio
especialmente nesse momento em que Violet enfrenta um câncer.
Uma
tragédia imediata a seguir será encarregada por reunir a família
que há muito tempo não voltava à velha casa dos pais.
A
galeria de atores tem curriculum vitae suficiente pra que eu os
mencione aqui: as filhas do casal de protagonistas são Barbara (Julia Roberts),
Ivy (Julianne Nicholson), e Karen (Juliette Lewis), e também estão lá pra quebrar pratos (às vezes
literalmente) a irmã da matriarca Violet, Mattie Fae (Margo Matindale), seu marido Charlie (Cris Cooper), o
filho deles, chamado de Little Charlie pela família (Benedict Cumberbatch), e também o marido de
Barbara, interpretado pelo Ewan McGregor, a filha deles
Jean (Abigail Breslin), e o noivo de Karen, Steve (Dermot Mulroney).
Muita
gente, além da empregada nativa americana Johnna
(Misty Upham).
Então,
esse punhado de gente com problema demais pra lidar, e que acumula
outros nas oportunidades que surgem, se reúne pra confortar uns aos
outros, o que, obviamente, resulta em uns contando os podres dos
outros, se xingando, e lembrando porque eles não se reuniam faz
tempo.
Um
draminha.
Apesar dos temas polêmicos que aborda de maneira bem direta.
Apesar dos temas polêmicos que aborda de maneira bem direta.
E apesar
da atuação da Meryl Streep ser mais uma vez absurda, esse
jeitão de dramalhão descarado, sem concessões, e quase “à moda
antiga” (no sentido negativo), em se tratando do subgênero, é
muito, mas muito sem graça.
Mas o diretor consegue reduzir isso de um modo que exige talento. O super-poder de sub-aproveitar um roteiro.
Mas o diretor consegue reduzir isso de um modo que exige talento. O super-poder de sub-aproveitar um roteiro.
Tá
certo que daqui a pouco, quando as coisas vão se complicando o filme
vai ganhando intensidade, e claro, o elenco é competente, e a Julia
Roberts grita e esbraveja bastante, o que demonstra bastante esforço
e entrega ao papel, além de uma densidade não usual pra ela.
A
partir da sequência do almoço, que se desenrola em uma discussão
bem amarrada, que enfim o longa-metragem dirigido pelo John Wells começa a ficar interessante.
Poderia
dizer que, pro seu subgênero ele consegue um efeito superior à
maioria, nessa adaptação peça do
Tracy Letts, feita por ele mesmo pro roteiro de cinema.
O que
não adianta muito, porque na comparação com vários outros,
exemplares de bom cinema por si mesmos, sem forçar a boa vontade,
“Álbum de Família” fica mais no empenho dos atores, e
algumas reviravoltas do roteiro que fazem dele algo bem distante de
um romancezinho.
A
presença do personagem da Meryl Streep, no geral garante isso
por si só.
A
matriarca da família Weston é amargura transbordando que ela faz questão de utilizar pra afastar todo
mundo com suas acusações sem rodeios, e seu vício nos excessos em
tudo que o médico receita em pequena quantidade.
Claro
que facilita ali que todos os integrantes da família tenham o rabo
preso e algo que hora ou outra vai ser revelado pra provocar
desconforto familiar que pode eventualmente resultar em demonstrações
além do verbal.
O
roteiro tem seus méritos, e o elenco idem.
O que
não se garante é a direção do John Wells, burocrática e
comum, ainda que com o bom trabalho de fotografia, que não consegue
maquiar a trilha sonora clichê, que é daqueles exemplares
constrangedores visando manipular a emoção do espectador de maneira
óbvia e sem criatividade que se destaque na sua composição.
“Álbum
de Família” pode até possuir suas várias surpresas, e alguns momentos
mais intensos, afinal, o núcleo familiar tem realmente motivos pra
não suportar a presença uns dos outros.
Agora,
que é um filme pra esquecer relativamente rápido, isso com certeza ele é.
Álbum de Família. Recomendado para: quem sempre curtiu dramas familiares, mas achava que faltava um pouco mais de desentendimento entre os personagens.
Álbum
de Família
(August:
Osage County)
Direção: John Wells
Duração: 121 minutos
Ano
de produção: 2013
Gênero:
Drama
Confere NESSE LINK a crítica de outros indicados ao Oscar 2014.
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