Resenha: Monstros!


Lançado em outubro de 2012, Monstros! é a obra mais longa na carreira de Gustavo Duarte. Premiadíssimo anteriormente pelas histórias curtas Birds, Có (ambas em breve aqui no blog) e Taxi, Duarte foi posteriormente um dos autores da primeira leva das Graphic MSP, o também premiado Pavor Espaciar, já resenhado aqui no blog.

Monstros!, imediatamente anterior ao sucesso com Chico Bento, estabeleceu-se como uma das melhores obras do autor (senão a melhor). Com um roteiro criativo e contando com sua arte peculiar, em suas 80 páginas conta uma história dinâmica, povoada por personagens carismáticos e um cuidado especial em retratar os cenários de Santos - SP, a cidade em que o enredo se passa.


Este é mais uma HQ totalmente muda do autor. Quem leu seus outros trabalhos já estava acostumado com seu estilo de contar histórias totalmente visuais, sem diálogos. Já quem não conhece ou apenas leu Pavor Espaciar - que possui algumas falas - pode estranhar logo de cara. Nada que não seja passageiro. Duarte é muito feliz em expressar emoções em seus personagens e, ainda mais importante do que isso, é muito bom em deixar os desenhos contarem a história. 

A arte, então, é com certeza o maior diferencial de Monstros!, se tornando a primeira coisa que vem na sua cabeça quando abre a HQ. Além de seu traço característico, o autor se esforçou em colocar a cidade de Santos-SP com um papel destaque na história, como se fosse a Tóquio brasileira dos filmes. Se eu, que não conheço a cidade pessoalmente, consegui admirar as paisagens, quem conhece vai ter mais um atrativo na obra.



O enredo flui muito bem. Essas páginas extras em comparação a seus trabalhos anteriores, além de permitir mais cenas dos monstros destruindo o litoral paulista, também ajudaram a desenvolver melhor o protagonista, principalmente na conclusão (o último quadro é genial). Não existe mais aquela sensação de um curta-metragem, pois Monstros! se comporta mais como um filme longa-metragem. Não que seja algo bom ou ruim, há espaço para ambos, mas no contexto de sua carreira, é uma mudança bem-vinda.

Assim como Pavor Espaciar, também há vários easter eggs presentes nos quadros, tanto referência a antigas obras quanto à cultura popular. O fato de não possuir diálogos, e de seu roteiro propositalmente não ser complexo, é uma jogada comercial interessante, pois possibilita a apreciação por um público mais abrangente. Felizmente não impactou negativamente na qualidade da obra, que se sustenta muito bem como um ponto alto na carreira de Gustavo Duarte.


Como ficou claro nos elogios, é uma HQ altamente recomendável para os leitores do blog, muito mais do que Pavor Espaciar. Ainda é possível encontrar nas estantes das livrarias, e recentemente foi lançada no exterior pela Dark Horse Comics, em um volume chamado Monsters! & Other Stories, junto com e Birds.

Recomendada para: quem já se perguntou que herói se ergueria para nos salvar caso Godzilla errasse o lado do globo e atacasse as praias brasileiras.

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