Robocop (2014)



Última e terceira parte do Especial Robocop. As duas postagens anteriores você pode conferir aqui e aqui.

O brasileiro José Padilha dirigiu três filmes que elevaram a qualidade do cinema nacional: Ônibus 174 e Tropa de Elite 1 e 2. Já na sua estreia em solo norte-americano, o cineasta pegou um desafio espinhoso: assumir a direção da refilmagem do Robocop, o clássico oitentista regido por Paul Verhoeven. O cineasta brasileiro, obviamente não “pediu para sair” e apresentou a sua versão para o policial do futuro.

É verdade que a refilmagem, roteirizada por Joshua Zetumer, assim como o original, mantém a crítica social aliada a uma reflexão sobre o embate humanismo versus máquina. Aliás, isso era uma premissa básica e, convenhamos, a ausência de tais características em um filme do Robocop seria tão absurda quanto um comportado show do Pantera, sem aqueles tradicionais riffs mastodônticos de guitarra. Nesse caso, o que faltou então para a refilmagem do policial do futuro ser tão marcante quanto aquela produção da década de 80? Faltaram cenas de ações mais consistentes e vilões mais incisivos. 


Os momentos de ação são genéricos, não muito diferentes dos 21234 filmes lançados diretos para DVD a cada instante. Os vilões, que na versão de Verhoeven eram seres desprezíveis, aqui são personagens inexpressivos. Até mesmo a ideia de mostrar o Robocop mais próximo dos seus entes queridos, algo que no original não tinha, nesse filme não engrenou e não acrescentou nada, inclusive a atriz Abbie Cornish que interpreta a esposa (por sinal muito gostosa!!) fica restrita apenas a choramingar horas e horas pelo marido.


O longa-metragem até que possui um primeiro ato promissor, em que robôs norte-americanos, no ano de 2028, asseguram a paz e a ordem nas ruas de Teerã. Nesse ínterim, um ricaço (Michael keaton), que controla a tecnologia dos robôs policiais, almeja convencer o governo a aposentar os obsoletos soldados de carne e osso e adotar de vez os robôs. A população, por sua vez, não aceita. E aí entra em cena um policial que é praticamente morto em um atentado (interpretado por Joel Kinnaman) para ser transformado em um ser cibernético.

Apesar de um início satisfatório, o desenrolar da trama se mostra comum e o saldo final é que acabamos de assistir apenas a mais um filme com robôs que lutam em um ritmo frenético e um roteiro que mirou em vários alvos (corrupção, ciência, política, entre outros) e acertou de raspão em vários deles. Aliás, colocar um Robocop ágil e velocista foi uma esperta alternativa para agradar a um público cada vez mais acostumado a ação frenética e video-clíptica, em alguns momentos até tive a impressão que só faltou aparecer ali ao lado do Murphy o Thor, o Hulk e o Iron Man para auxiliá-lo na luta contra a vilania.

Se o filme de 1987 amontoava cenas que se tornaram icônicas, aqui há apenas um punhado de momentos dignos de ficarem na memória, tais como o treinamento do Robocop, o processo de “desmontagem” (que bela cena!) e pequenas alusões ao conceito de livre-arbítrio que, infelizmente, não foi tão aprofundado quanto poderia.


Por outro lado, Gary Oldman, um cientista, e Samuel L. Jackson, um sensacionalista e histriônico apresentador de TV, cumprem as suas respectivas funções com competência. É gratificante saber também que o Padilha e o ator protagonista bem que tentaram convencer os produtores a tornar o longa uma obra mais casca-grossa, por isso foi um desperdício chamar um cineasta ousado como o Padilha para dirigir um filme que poderia ter a direção de um Zack Snyder, Gore Verbinsky ou algum outro pedreiro qualquer da indústria hollywoodiana. Até porque em termos de filme, até mesmo o novo Juiz Dredd, tomadas as devidas proporções, consegue ser mais Robocop que a refilmagem do Robocop.  

  
Recomendado para: Quem quer ver uma versão atualizada de um clássico, porém envolvida por uma embalagem mais clean, feito na medida para a garotada.

Quanto vale:

Robocop
(Robocop)
Direção: José Padilha
Duração: 117 minutos
Ano de produção: 2014
Gênero: Ação/Ficção Científica


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