Capitão América: O Soldado Invernal (2014)



Você aí é daqueles que achou que, no Primeiro Vingador, o Capitão América perdeu a oportunidade de demonstrar todas as suas habilidades de combate porque passou tempo demais em cenas que o mostravam como um garoto propaganda? E você aí também considerou o Capitão, nOs Vingadores, apenas o coleguinha escalado para ser a vítima das piadinhas sagazes do Tony Stark/Robert Downey Jr

Pois então os seus problemas acabaram. O soldado patriótico finalmente ganhou um filme para chamar de seu. E que filme divertido!! 


Eis aí a união concisa de aventura sessão da tarde com revista pulp fiction que, nessa atual fase, até então o filme Os Vingadores foi um dos que melhor conseguiu captar. Além disso, é o longa-metragem da Marvel Studios pós-Vingadores com mais revelações e possíveis ramificações para outros filmes da franquia.

A história inicia após uma missão em que o Capitão América e a Viúva Negra (delícia como de costume) percebem que na organização em que trabalham há algo podre, gerando assim o tão comentado (e muito bem engendrado) clima de espionagem que muitos apregoam por aí. 


Como se não bastassem as desconfianças, surge um “vilão” fodaralhaço que atende pela alcunha de Soldado Invernal. E reparem que eu coloquei vilão entre aspas, pois diante de um roteiro que lembra obras de de espionagem dos anos 70, todo e qualquer maniqueísmo reducionista escorre pelo ralo.

É óbvio que ainda há o Steve Rogers se sentindo um estranho em uma terra estranha, afinal, é o único cara que dormiu nos anos 40 e acordou direto no século XXI, alheio a tantas bugigangas tecnológicas e sem ter visto nem mesmo a ascensão dos Beatles. 

É óbvio também que o humor característico de uma aventura escapista que não se leva tão a sério está presente, mas assim mesmo, posso afirmar que é o filme “mais sério” da Marvel, até porque o grande tema do enredo é sobre poder e controle. Algo bem relevante em uma época em que o assunto acerca da vigilância voltou à tona, vide casos de WikiLeaks e Edward Snowden tão em voga nos sites de notícias.

Diante disso, o mote central do filme é: “ouça o que eu digo, não ouça ninguém”. Méritos para os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely. E mérito também para quem teve a ideia de colocar Robert Redford no elenco, fato esse que atingiu em cheio os nostálgicos nerds old is cool que apreciam filmes policiais de décadas passadas.


Ação e reação

É aqui que vemos o Capitão América lutando para valer sem ter que dividir o palco com Iron Man, Thor e demais colegas. Não é à toa que ele é o cara que reinventou o sentido de escudo, transformando esse instrumento de defesa em uma arma de ataque capaz de fazer o mesmo estrago de 10 Mjolnirs.

E vejam que ironia: eu que sempre detono essa atual tendência de cenas de ação videoclípticas, teve que aparecer dois diretores oriundos dos círculos televisivos (Joe e Anthony Russo) para mostrar que, com um mínimo de posição de quadro, é possível picotar cenas de luta e ainda assim torná-las compreensíveis aos olhos humanos.  


Vale lembrar também que nem no Primeiro Vingador, com cenas de ação burocráticas, o Sentinela da Liberdade estava mais à vontade na hora de partir para a pancadaria contra os seus desafetos. É nesse filme aqui que vemos o verdadeiro efeito do soro Super Soldado no corpo de Steve Rogers.

E as cenas de ação protagonizadas por Viúva Negra e Falcão são feitas com esmero. Aliás, esse último é um personagem muito bem construído. Mesmo sendo bem diferente dos quadrinhos, é representado como um cara que tem tutano e razão de existir na trama. Não ficarei surpreso se em tempos vindouros um spin-off desse personagem der as caras nesse universo que, a cada dia que passa, se expande mais que as teorias do Stephen Hawking acerca do Big Bang.


Referências

Há a comentada cena em que o Falcão sugere para Rogers uma lista de elementos da cultura pop com o intuito de situar o ex-combatente da Segunda Guerra Mundial no atual contexto em que vivemos. Essa lista varia de país para país em que o filme é exibido e, no Brasil, o que aparece nessa lista gerou celeuma entre o público nerd.

Mas deixando essas picuinhas de lado, o que interessa mesmo são as referências ao próprio universo Marvel que são muito legais e bem postas em cena. Vale citar também as fontes de inspiração para o roteiro que vão além do Soldado Invernal escrito por Ed Brubaker. Aqueles fãs devotos do Capitão América podem recordar de outros escritores e desenhistas ao assistir o longa-metragem: Roger Stern, J.M. Demateis, Steve Englehart, John Byrne e Mike Zeck são alguns do nomes. 

Os roteiristas, como prova de que sabiam em que terreno estavam pisando, se deram ao trabalho até de citar a história em que aparece o Batroc, interpretado pelo lutador profissional de MMA Georges St Pierre. Batroc um vilão lado B tão insosso e estulto que nos quadrinhos era capaz de apanhar até do Seu Madruga com reumatismo. A história em que ele é citado como referência foi publicada pela Editora Abril nos anos 80.

Conclusão

Finalmente conseguiram colocar não apenas o Capitão América nos eixos, mas também conseguiram abrir ainda mais o leque da Marvel nos cinemas para potenciais histórias dos Vingadores e demais personagens. 



Recomendado para: Quem quer ver como seria o Missão Impossível com um personagem da Marvel no lugar do Tom Cruise.

Filme: Capitão América - O Soldado Invernal
(Captain America: The Winter Soldier)
Diretor: Joe e Anthony Russo
Ano de produção: 2014
Tempo de duração: 136 min
Gênero: Ação

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