Os próprios ícones do
cinema brucutu acabaram tendo papel essencial no descrédito que os
filmes de ação imediatista hoje possuem.
E não me refiro à
participação deles na derrocada do subgênero nos tempos imemoriais
pós-anos 80.
O problema foi a
tentativa de um revival pós-anos 2000 que resultou na nulidade dos "Mercenários", por exemplo.
Mas esse filão segue
sendo um nicho interessante pra atores já marcados da alça da
gaita, que nem o Liam Neeson, ou o John Travolta (que tenteou seu espaço, obtendo resultados irregulares).
Dentre esses caras, um
que sempre investe nesse tipo de filme, porém sem sair chamuscado
pela crítica é o Denzel Washington, que em 2014 protagonizou
esse "O Protetor".
Já passado das 6 décadas
no planeta, o ator acumula uma coleção interessante de filmes de
ação, que apesar de muitas vezes concentrarem as atenções em
tiroteio e soco na cara, não são acusados de acefalia.
E isso já é digno de
parabéns.
Dessa vez, o protagonista
de "Chamas da Vingança", "Dia de
Treinamento", "O Voo", e "O Livro de Eli", e que tem na prateleira 2 estatuetas do Oscar, além
de 6 indicações pra contar pros vizinhos, retoma uma parceria com o
diretor Antoine Fuqua, no longa-metragem que adapta a série
de TV protagonizada nos anos 80 pelo Edward Woodward.
O Antoine Fuqua,
pra quem não associou o nome à pessoa, é o diretor do ótimo "Dia
de Treinamento", filme que rendeu um dos prêmios no Oscar
que o Denzel Washington possui pra chamar de seu.
Esse "O
Protetor", no entanto, é bem mais convencional do que o
trabalho anterior dos dois.
A trama envolve o a
princípio sossegado Robert McCall (Denzel Washington), um cara
isento de qualquer suspeita em sua rotina de funcionário em uma
grande loja, a leitura habitual de algum livro em uma lanchonete do
seu agrado, e sempre sendo um sujeito gente fina com quem quer que
seja.
Claro que isso é
fachada.
E a personagem da Clöe
Grace Moretz é quem vai ser o
estopim pra ele ter que desfazer a imagem de cidadão tranquilo,
quando suas decisões o levam de encontro à máfia russa, e é aí
que um certo ar de comodismo na direção do Antoine Fuqua
se desfaz.
Até
aquele ponto, o grande mérito do filme é a atuação carismática
do Denzel Washington,
passando muita integridade pro seu personagem.
Mas
quando a personalidade dele muda, ator e e diretor vão se aliar pra
criar alguns momentos de pancadaria respeitável, e intimidação
entre protagonista e o inimigos que fazem a sessão mais
interessante.
A
primeira briga é um excelente exemplo do que é filmar sem frescura
uma porradaria. Sem sacudir a câmera tal qual um dançarino de
frevo, e permitindo ao espectador entender o que acontece nas cenas (algo cada
vez mais raro no cinema de hoje), e sem precisar de efeitos CG
tresloucados pra parecer "estiloso", Antoine
Fuqua apenas capricha na
criação da expectativa pra luta, e depois deixa que o personagem
quebre ossos, e utilize armas brancas, de fogo, ou um copo, pra assim
encerrar os dias de vida de seus adversários.
Acredito que o único recurso a mais está nos momentos em que opta pela câmera lenta, e por um efeito "Action Man" (sim. Aquele desenho animado), que é bem coisa de cartilha.
Acredito que o único recurso a mais está nos momentos em que opta pela câmera lenta, e por um efeito "Action Man" (sim. Aquele desenho animado), que é bem coisa de cartilha.
Mas é tudo
contextualizado e condizente com o que o longa-metragem se propõe,
aproveitando a liberdade que a censura R lhe permite.
E
apesar de lembrar na sua estrutura bastante o esquema de história de
vingança de um "Busca Implacável",
"O Protetor"
parece bem menos deslocado da realidade do que no filme do Pierre
Morel. É um enredo no qual
muito pouco é fato surpreendente e sobram vários clichês, mas ainda assim tem jeito de
história do cara comum, que briga sem nada muito extravagante, e que
o faz não por ser o melhor nisso. Mas sim porque a situação lhe
exige atravessar uma linha que ele preferia nem chegar perto. É um roteiro bem tradicional.
A ligação com a
personagem da Clöe Grace Moretz poderia
aproximar o longa-metragem do sempre reassistível "O
Profissional", mas ela é
mais catalisador do que um agente de mudança contínua. Depois que o
Robert McCall
encontra um motivo, e se incomoda com os caras, ele simplesmente faz
o que tem que fazer, sem ser necessário rever suas motivações pra
isso, e nesse sentido seria bem melhor haver alguém pra participar
em diálogos do processo de transição do pacato protagonista.
Ainda
assim, a trama é bem ajustada pra uma sessão descompromissada, e
que não se finge de ser mais do que é.
"O
Protetor" é um correto
filme de ação, com um vilão condizente (Marton Csokas),
e que não constrange ninguém por se limitar a referências,
homenagens, e efeitos especiais tentando significar que o diretor tem
estilo.
Além
de ser um filme de ação com censura R que novamente comprova a
capacidade do Denzel Washington de
ser um ator rentável, mesmo sem precisar se render a filmes família,
e que se preciso carrega um filme nas costas ("Protegendo
o Inimigo" é outro
exemplo disso).
A
sequência confirmada do filme não promete ser mais do que isso.
Mas
se for um Meio Ingresso tão satisfatório que nem foi esse primeiro
longa-metragem, já é uma franquia bem legal.
O
Protetor. Recomendado para: curtir sem culpa um filme de
ação aos moldes da velha guarda.
O Protetor
(Equalizer)
Direção: Antoine
Fuqua
Duração: 132 minutos
Ano de produção:
2014
Gênero: AçãoSign up here with your email
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