Tá
certo que eu sou um dos que considera que "Speed Racer"
cumpre satisfatoriamente a proposta do filme, e que foi avaliada de
forma equivocada por alguns.
Também
é verdade que, apesar de a cada sequência, "Matrix"
perder fôlego, o primeiro longa-metragem e o "Animatrix"
conseguirem ser relevantes e boas sessões de cinema até hoje
(apesar de a obra de 1999 ter tido cada minuto da produção
parodiado e "homenageado" em outras obras).
Porém,
tem o porém.
O que
mais que os Wachovski realizaram que realmente se fez digno de
tamanho hype, ou que simplesmente soasse um retorno consistente ao
bom cinema da dupla?
Evidente
que em algum ponto ou outro da filmografia deles, além dos
mencionados, houveram motivos pra elogio, mas convenhamos que é esse
pouco não é o suficiente pra devolver aquele status de filme pra
ver de imediato, que o primeiro "Matrix" atribuiu a eles
antes dessa uruca braba.
Acontece
que Andy e Lana Wachovski têm realizado novas obras com jeito de
reinvenção, adicionando experiências pessoais que implicam nessa
fase de adaptação, que passou pela certeza de que os efeitos
revolucionários seriam o bastante, passando pela aceitação de que
o CG é só adorno, até a atual fase, em que depois de uma época de
desacerto as coisas parecem misturadas esperando um êxito indicar o
caminho.
"O
Destino de Júpiter", quem sabe tenha chegado mais de uma década
tarde.
O
jeitão de "O Quinto Elemento", com trama simplezona quase
Sessão da Tarde poderia impressionar bem mais, talvez.
Hoje
em dia, a sinopse ou o trailer são arroz de festa, e mesmo o mais
fanboy seria sensato em reconhecer que, tirando o nome dos cineastas,
nada parece filme que mereça mais do que ser assistido na TV depois
de zapear sem encontrar nada que preste.
O
filme, estrelado pela Mila Kunis e pelo Channing Tattum apresenta uma
trama bem convencional. Nela, a mocinha se vê envolta numa jornada
de proporções cósmicas, sendo caçada por grupos rivais, tendo
apenas no personagem do Channing Tattum, uma espécie de mercenário
galáctico, esperança de salvamento.
Tão
clichê que eu não fiz questão de descrever de modo a fingir que é
diferente.
Atuado
no modo "pagar aluguel", ambos os protagonistas são
afligidos por caras de atuação de propaganda eleitoral, o que em
grande parte afeta outros do elenco, o qual ainda é reforçado por
Eddie Redmayne (que ainda tem crédito pela atuação em "A Teoria de Tudo"), Tuppence Middleton, Douglas Booth, Sean Bean, Doona Bae, e alguns outros de relevância diminuída pela pelas inconsistências do filme.
No
decorrer das peripécias, raro ocorre de alguma ideia se destacar,
sugerindo que o roteiro até que poderia, com alguns meses mais de
esforço ou vontade, resultar em um filme mesmo. E eu digo filme no
sentido de, um tempo depois ao ser comentado a respeito dele não ser
apenas "aquele filme com a guria que tava com a Natalie Portman
no Cisne Negro", ou algum similar. Poderia ser um filme capaz de
causar algum impacto e ficar na memória.
E por
mais que se evite, não tem jeito, pois é recente o feito de os
até então desconhecidos pelo grande público, "Guardiões da Galáxia", terem gravado seu lugar na cultura pop, tanto no que se
refere a bilheteria quanto ao fator entretenimento e assinatura
autoral do diretor James Gunn, que se sobressaiu a toneladas de
exigências do estúdio, "O Destino de Júpiter" parece
mais irrelevante e desnecessário.
Isso
porque, mesmo que alguém dissesse que "o objetivo desses filmes
não é agradar todo mundo. É faturar grana!", nem mesmo nesse
aspecto pôde ser considerado um resultado favorável. Muito pelo
contrário.
E daí
chegamos àquele ponto de questionamento, sobre o que pretendiam os
Wachovski ao afligir o planeta com esse protótipo de trama espacial rasteiro e
previsível. Afinal, seria o intento deles o sucesso fácil, sem o
rótulo cult atribuído por muitos a "Matrix"? Um filme pra
ir na onda, e fazer deles figurinha comentada e em alta?
Porque
é evidente em cada fragmento óbvio dessa produção que ela não
passa desse arremedo, em que os nomes dos envolvidos pesam mais do
que o filme assistido.
Quem
sabe suas cenas de ação devessem parecer mais emocionantes, e
impressionar pelas sequências de destruição, e salvamentos
ridiculamente cronometrados pra acontecer no último instante.
Talvez
os efeitos especiais, escora desse e de tantos outros filmes que
nascem pra aumentar as fileiras dos torrents, fosse a grande aposta.
Mas
sendo assim, com prejuízo aos cofres do estúdio, e à reputação
dos envolvidos, melhor teria sido assistir uma obra complexa e
intencionada em originalidade, que se eventualmente mergulhasse em
fracasso comercial teria a retórica da incompreensão por parte do
público da obra de diretores outrora chamados de visionários.
No
caso de "O Destino de Júpiter", o roteiro preguiçoso e
atuações mono-faciais dos protagonistas não deixam espaço pra
argumentação.
Porque
isso já seria benevolência demais com um filme que é apenas
teimosamente ruim.
O Destino de Júpiter. Recomendado
para: assistir em casa, em uma TV grande, e sem se incomodar em
demorar buscando pipoca nas cenas de diálogos coincidentemente
iguais aos de outros filmes.
O Destino de Júpiter
(Jupiter Ascending)
Direção: The Wachovskis
Duração: 127 minutos
Ano de produção: 2015
Gênero: Ficção Científica/Ação
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