O Destino de Júpiter (2015)



Tá certo que eu sou um dos que considera que "Speed Racer" cumpre satisfatoriamente a proposta do filme, e que foi avaliada de forma equivocada por alguns.
Também é verdade que, apesar de a cada sequência, "Matrix" perder fôlego, o primeiro longa-metragem e o "Animatrix" conseguirem ser relevantes e boas sessões de cinema até hoje (apesar de a obra de 1999 ter tido cada minuto da produção parodiado e "homenageado" em outras obras).
Porém, tem o porém.
O que mais que os Wachovski realizaram que realmente se fez digno de tamanho hype, ou que simplesmente soasse um retorno consistente ao bom cinema da dupla?
Evidente que em algum ponto ou outro da filmografia deles, além dos mencionados, houveram motivos pra elogio, mas convenhamos que é esse pouco não é o suficiente pra devolver aquele status de filme pra ver de imediato, que o primeiro "Matrix" atribuiu a eles antes dessa uruca braba.



Acontece que Andy e Lana Wachovski têm realizado novas obras com jeito de reinvenção, adicionando experiências pessoais que implicam nessa fase de adaptação, que passou pela certeza de que os efeitos revolucionários seriam o bastante, passando pela aceitação de que o CG é só adorno, até a atual fase, em que depois de uma época de desacerto as coisas parecem misturadas esperando um êxito indicar o caminho.
"O Destino de Júpiter", quem sabe tenha chegado mais de uma década tarde.
O jeitão de "O Quinto Elemento", com trama simplezona quase Sessão da Tarde poderia impressionar bem mais, talvez.
Hoje em dia, a sinopse ou o trailer são arroz de festa, e mesmo o mais fanboy seria sensato em reconhecer que, tirando o nome dos cineastas, nada parece filme que mereça mais do que ser assistido na TV depois de zapear sem encontrar nada que preste.
O filme, estrelado pela Mila Kunis e pelo Channing Tattum apresenta uma trama bem convencional. Nela, a mocinha se vê envolta numa jornada de proporções cósmicas, sendo caçada por grupos rivais, tendo apenas no personagem do Channing Tattum, uma espécie de mercenário galáctico, esperança de salvamento.
Tão clichê que eu não fiz questão de descrever de modo a fingir que é diferente.
Atuado no modo "pagar aluguel", ambos os protagonistas são afligidos por caras de atuação de propaganda eleitoral, o que em grande parte afeta outros do elenco, o qual ainda é reforçado por Eddie Redmayne (que ainda tem crédito pela atuação em "A Teoria de Tudo"), Tuppence Middleton, Douglas Booth, Sean Bean, Doona Bae, e alguns outros de relevância diminuída pela pelas inconsistências do filme.




No decorrer das peripécias, raro ocorre de alguma ideia se destacar, sugerindo que o roteiro até que poderia, com alguns meses mais de esforço ou vontade, resultar em um filme mesmo. E eu digo filme no sentido de, um tempo depois ao ser comentado a respeito dele não ser apenas "aquele filme com a guria que tava com a Natalie Portman no Cisne Negro", ou algum similar. Poderia ser um filme capaz de causar algum impacto e ficar na memória.
E por mais que se evite, não tem jeito, pois é recente o feito de os até então desconhecidos pelo grande público, "Guardiões da Galáxia", terem gravado seu lugar na cultura pop, tanto no que se refere a bilheteria quanto ao fator entretenimento e assinatura autoral do diretor James Gunn, que se sobressaiu a toneladas de exigências do estúdio, "O Destino de Júpiter" parece mais irrelevante e desnecessário.
Isso porque, mesmo que alguém dissesse que "o objetivo desses filmes não é agradar todo mundo. É faturar grana!", nem mesmo nesse aspecto pôde ser considerado um resultado favorável. Muito pelo contrário.
E daí chegamos àquele ponto de questionamento, sobre o que pretendiam os Wachovski ao afligir o planeta com esse protótipo de trama espacial rasteiro e previsível. Afinal, seria o intento deles o sucesso fácil, sem o rótulo cult atribuído por muitos a "Matrix"? Um filme pra ir na onda, e fazer deles figurinha comentada e em alta?
Porque é evidente em cada fragmento óbvio dessa produção que ela não passa desse arremedo, em que os nomes dos envolvidos pesam mais do que o filme assistido.


Quem sabe suas cenas de ação devessem parecer mais emocionantes, e impressionar pelas sequências de destruição, e salvamentos ridiculamente cronometrados pra acontecer no último instante.
Talvez os efeitos especiais, escora desse e de tantos outros filmes que nascem pra aumentar as fileiras dos torrents, fosse a grande aposta.
Mas sendo assim, com prejuízo aos cofres do estúdio, e à reputação dos envolvidos, melhor teria sido assistir uma obra complexa e intencionada em originalidade, que se eventualmente mergulhasse em fracasso comercial teria a retórica da incompreensão por parte do público da obra de diretores outrora chamados de visionários.
No caso de "O Destino de Júpiter", o roteiro preguiçoso e atuações mono-faciais dos protagonistas não deixam espaço pra argumentação.
Porque isso já seria benevolência demais com um filme que é apenas teimosamente ruim.


Quanto vale:


O Destino de Júpiter. Recomendado para: assistir em casa, em uma TV grande, e sem se incomodar em demorar buscando pipoca nas cenas de diálogos coincidentemente iguais aos de outros filmes.

O Destino de Júpiter
(Jupiter Ascending)
Direção: The Wachovskis
Duração: 127 minutos
Ano de produção: 2015
Gênero: Ficção Científica/Ação

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