Aterrorizados (2006) - Satélite Vertebral

"Aterrorizados" ("Altered", no título original) é parte do legítimo e desavergonhado modo de fazer cinema, em que seus realizadores buscam burlar as limitações de orçamento com engajamento dos envolvidos, e trucagens.

Algo vindo da Escola de Ensino Superior Cinematográfico Evil Dead, e que o diretor Eduardo Sánchez já havia ousado em "A Bruxa de Blair", e ousaria após em "Eles Existem".

Até por isso, nesse casamento de subgêneros de cinema ninguém liga a mínima se o gore vai afastar o público-médio.

O que importa é chegar ao fim da metragem tendo encontrado formas de contar o roteiro todo, e de mostrar o que tem que ser mostrado sem virar a câmera pro lado.

A história idealizada pelo Jamie Nash e pelo Eduardo Sánchez, e dirigida pelo segundo, segue o que nos acostumamos a chamar de tradição dos horrores de cabana.

Mesmo que isso seja mais no campo conceitual do que na prática, afinal, não é a história de um grupo de amigos que vai passar um feriadão na casa largada de um tio, e lá, o grupo composto pela formação clássica esmiuçada n”O Segredo da Cabana” se depara com um mal que vai gerar gritos e ranger de dentes.

Em Altered, os amigos Duke (Brad William Henke), Otis (Mike C. Williams), e Cody (Paul McCarthy-Boyington) estão em caçada por algo que lhes deve uma revanche por algo ocorrido 15 anos atrás, e em virtude disso vão procurar Wyatt (Adam Kaufman), que vai ter que gaguejar explicações pra namorada Hope (Catherine Mangan) a respeito do que vai ficando cada vez mais estranho e sanguinolento.

Bem rápido o enredo passa a ser narrado na clausura da garagem do Wyat, em uma casa afastada no meio da floresta e na qual eles todos discutem aos berros sem parar a respeito do que devem fazer com a criatura que está disposta a perpetrar atrocidades com todos os presentes.

Sem um consenso, as personalidades dos envolvidos são o recurso primordial do diretor pra manter a trama andando, mesmo com a alternativa de esconder o ser maligno ao máximo, tanto pra causar algum suspense quanto pela própria questão logística de evitar uma exposição demasiada de algo que é na realidade alguém vestindo uma fantasia.

Tudo ok.

Até porque ele não precisa repetir toda hora a ousadia de evidenciar a criatura algoz o tempo todo que nem fez no “Exists”.

Eduardo Sanchez até manda bem com um roteiro tão simples, que mais se preocupa em esconder do que revelar, e no qual são poucas as reviravoltas apresentadas.

Dos personagens, o que se sabe não vai muito além de que fulano é mais covarde, beltrano é mais leal, e ciclano é o pavio curto. Esse desenvolvimento mínimo dos caras é o primeiro grande erro, em um filme que todo mundo sabe, não precisa dissecar a psiquê de ninguém.

O problema é que do elenco, seja quem for que morra, o espectador não se importa.

Devido a isso, e ao roteiro ficar se esquivando das revelações periódicas que fazem a história ficar instigante, o que resta de elemento provocador de imersão fica na conta das atuações esforçadas, e do gore das antigas, em que os efeitos de maquiagem fazem as honras transformando um humano em um saco de carne esculhambada errante pela casa do Wyat, e outras desgraceiras diversas.

Conforme eu disse, o roteiro fica devendo à plateia um pouco mais de informações, sendo insuficiente pra quem assiste ter maior envolvimento com a crescente de horror.

Sem isso, “Altered” fica dependente demais do aspecto visual, e isso desgasta o que poderia até ser menos evidente nas cenas, e surtiria efeito o bastante.

O ato final ainda reserva maior dose de efeitos especiais, e um final que ao menos deixa as pontas amarradas.

Enquanto proposta de cinema, o filme nunca atende uma expectativa inicial provocada pela interessante trilha sonora incidental que emoldura o seu título, mas se encerra uma escolha aprazível pra quem aprecia um entretenimento cinematográfico sem sutilezas, e de considerável índice de lacerações por minuto.

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