O LADO BOM DA VIDA (2012)


A cerimônia do Oscar está próxima. Por isso, durante esse período, a aguerrida equipe do Satélite Vertebral, sem ganhar um tostão, tentará publicar postagens referentes aos filmes concorrentes. Serão observações, críticas (detonando ou elogiando) as produções que estão na disputa.

Eu, pessoalmente, costumo fugir de filmes que apresentam aqueles enredos com mensagens edificantes que tentam elucubrar acerca do significado da existência, mas que no fundo possuem um discurso de auto-ajuda tão consistente quanto uma canjica. Pelo título, o longa-metragem O lado bom da vida (Silver Linings Playbook) tinha tudo para trilhar esse caminho.
Ainda bem que não seguiu.


Baseado no romance de Matthew Quick, a trama acompanha o problemático Pat Solitano (Bradley Cooper) sujeito com transtorno bipolar que teve uma crise que quase resultou na morte de alguém. Após uma sucessão de transtornos na vida pessoal ele retorna a morar com os pais, interpretados por Robert DeNiro e Jacki Weaver. Para piorar, o cara conhece a igualmente problemática Tiffany (Jennifer Lawrence), uma viúva que ainda tenta superar a morte do marido.

Descrevendo assim até parece que se trata daqueles dramalhões arrastados capazes de constranger até mesmo o mais empedernido roteirista de novela mexicana, mas felizmente o filme encontra espaço para um humor sutil, que destaca diálogos rápidos que em nenhum momento provocam bocejos no espectador.

Alguns mais apressadinhos podem até afirmar que o Woody Allen usa essa mesma fórmula há tempos, mas o diretor David Owen Russel tem estilo próprio e não decepciona. Sendo assim, é possível afirmar com segurança que o filme destaca os personagens e dá espaço para a boa atuação do elenco.


Bradley Cooper, que ficou conhecido do público ao interpretar um daqueles apatetados do Se beber não case, demonstra segurança em cena. O mesmo é possível afirmar de Jennifer Lawrence, que já provou ser versátil e pode encarar tanto as produções de ação (Jogos Vorazes, ou X-Men: Primeira Classe) quanto filmes com apelo mais dramático (Inverno da Alma).

O elenco de apoio, que também conta com nomes do porte de Chris Tucker e Julia Stiles também segura bem as pontas, o que nesse caso é essencial para o filme não desandar. 


A direção ficou a cargo de David O. Russel, que domina bem esse tipo de produção, que são dramas com doses equilibradas de humor. A prova disso é o bacana O Vencedor (com Christian Bale) e a subestimada comédia Eu amo Huckabees (com Dustin Hoffman e Judie Law).

Na parte técnica, Russel utiliza muito a câmera na mão, mas em nenhum momento deixa quem está assistindo o filme com aquela sensação nauseante de estar a viajar em uma montanha-russa sem freios. Pelo contrário, as cenas fluem naturalmente e sem nenhuma pretensão de soarem "moderninhas".


De uma forma geral (nesse caso o trailer no final do texto não me deixa mentir), o filme passa a impressão que é mais uma comédia romântica genérica, dessas que a Sandra Bullock e a Jennifer Aniston protagonizam aos borbotões (e por isso eu fiquei com os dois pés atrás antes de assistí-lo), mas o desenvolvimento da trama aliado ao bom trabalho do elenco eliminam essa impressão antes mesmo da metade. 

Além disso, a presença de Bradley Cooper, que carrega a imagem de comediante, pode dar a impressão que ele não sustentará um personagem mais denso como esse. Porém o sujeito se sai bem e atua no tom certo, sem parecer muito bobalhão, mas também sem ser chato.


O Lado Bom da Vida ganhou o prêmio do público no Festival Internacional de Cinema de Toronto. No Brasil, esse longa-metragem irá estrear no dia primeiro de fevereiro.



Quanto vale:


Título: O Lado Bom da Vida
(Silver linings playbook)
Direção e roteiro: David O. Russel
Duração: 122 minutos
Ano de produção: 2012
Gênero: Comédia/Drama

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