Em
se tratando de cinema de animação, o japonês Satoshi
Kon
conseguiu ficar entre os mais importantes diretores neste segmento fazendo parte do seleto
grupo dos que ousaram realizar obras sérias e extremamente complexas
neste segmento.
Dos
trabalhos de Satoshi
Kon, um
deles é um dos meus filmes de animação preferidos, Perfect
Blue (1997), ainda que sua filmografia ainda possua outros longa-metragens
memoráveis.
Seu quarto projeto a ser lançado seria também seu último filme. Enquanto trabalhava em seu filme seguinte, ele veio a falecer aos 46 anos de idade, ficando a cargo do estúdio definir quem iria concluir seu trabalho.
Seu quarto projeto a ser lançado seria também seu último filme. Enquanto trabalhava em seu filme seguinte, ele veio a falecer aos 46 anos de idade, ficando a cargo do estúdio definir quem iria concluir seu trabalho.
De
qualquer forma, este “Paprika”
seria a última impressão de um filme dirigido exclusivamente por
ele.
E
a respeito desse filme, o que dizer?
A
sinopse traz uma ação criminosa fazendo uso de um aparelho
revolucionário que permite a seu usuário entrar nos sonhos de
outras pessoas e influenciar suas reações.
E antes que alguém se questione, eu afirmo que não me confundi, e não estou mencionando a história de “A Origem” (2010), do Christopher Nolan.
A
semelhança entre as duas obras é evidente, apesar de o filme de
Satoshi
Kon ter
sido lançado em 2006.
Outros
detalhes aproximam os dois filmes, porém de maneira mais sutil, mas
a principal diferença entre ambos está no fato de que no filme
Paprika
solucionar algum mistério no fim da sessão é irrelevante.
Afinal,
o que ele quer dizer vai além disso.
Quanto ao uso da tecnologia presente nas produções, as coisas tendem a ser mais megalomaníacas no caso do diretor japonês, o que é algo realmente raro para ele.
O cineasta faz isso tendo a conhecida competência
do Estúdio
Madhouse
servindo
de alicerce para que as impressionantes cenas possam ser criadas com
detalhismo minimalista.
Isso
sem tentar ser ultra-realista ou de fidelidade fotográfica. É
simplesmente um daqueles exageros visuais em infinitas cores e cuidado técnico,
o qual quase chama mais atenção do que a própria história.
Porém, o diretor de “Tokyo Godfathers” e “Millenium Actress” consegue manter as coisas nos trilhos devido ao apuro narrativo que lhe é característico.
Porém, o diretor de “Tokyo Godfathers” e “Millenium Actress” consegue manter as coisas nos trilhos devido ao apuro narrativo que lhe é característico.
É
sempre interessante observar nos filmes dele que os roteiros partem
de uma motivação aparentemente simples de seus personagens, mas a
riqueza de potencialidades que ele busca e desvenda (ou complica) na
trama tornam fascinantes os seus desdobramentos no desenrolar da
historia.
Saber estruturar a técnica e a tecnologia com um olhar estarrecedoramente sombrio em seus universos é uma das marcas registradas do trabalho do autor que aqui, no entanto, se apresenta de modo menos marcante.
Não
que esteja distante de ser um filme coerente em sua proposta e
não-funcional enquanto obra cinematográfica.
É
na verdade um dos mais divertidos dos filmes de Satoshi
Kon,
repleto de referências a outras obras da cultura pop japonesa, e a
obras do próprio diretor.
Encontrar essas referências é parte do entretenimento por ele orquestrado, de modo que tudo passeie em memórias e reminiscências do próprio público, que se permite ingressar no frenético e caótico mundo de sonhos proveniente dos personagens que estão sujeitos aos absolutamente imprevisíveis próximos fatos roteirizados pelo cineasta.
Sem
sombra de dúvidas, não veremos algum novo diretor ser chamado de “o
novo Satoshi
Kon”,
e a lacuna deixada por ele estará na ausência de sua perspectiva
diferenciada que beira o caos, mas permanece com a integridade de seu
conteúdo em uma linha tênue que torna-se um dos fatores que o
elevaram ao patamar no qual se afirmou na condição de diretor
influente, mas sem se render ao simplismo que a indústria do cinema
exigia.
Encontrar essas referências é parte do entretenimento por ele orquestrado, de modo que tudo passeie em memórias e reminiscências do próprio público, que se permite ingressar no frenético e caótico mundo de sonhos proveniente dos personagens que estão sujeitos aos absolutamente imprevisíveis próximos fatos roteirizados pelo cineasta.
O
filme Paprika,
sua última contribuição para a sétima arte pode não ser sua
melhor obra, porém não desmerece de maneira alguma a carreira do
autor, que se despede com um bom filme.
Paprika
(Papurika)
Direção:
Satoshi Kon
Duração: 90 minutos
Ano
de produção: 2006
Gênero:
Aventura / Drama / Ficção científica
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2 comentários
Write comentáriosDeve ser mesmo um filme muito bacana. Valeu pela dica!
ReplyThiago
Esse é conhecido por muitos como o "pior filme do Satoshi Kon", o que nesse contexto pode ser lido como "o menos bom filme do Satoshi Kon".
ReplyRecomendo da mesma forma os demais da filmografia dele, mas em breve eu falo mais a respeito por aqui.
Aguardemos.
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