Jornada Albert Pyun: Adrenalina (1996)


Em um mundo regido por megalomaníacas produções cinematográficas, repletas de efeitos mais do que especiais e orçamentos milionários, é até um ato de bravura um indivíduo alegar que aprecia um filme do naipe desse Adrenalina, dirigido por Albert Pyun.

Adrenalina tem defeitos escancarados, mas assim como a matéria escura e outros insondáveis mistérios do universo, eu consigo gostar desse filme com todas as minhas forças. Embora tenha sido exibido em algumas salas de cinema no Brasil durante a época do seu lançamento, na década de 90, esse Adrenalina é a típica produção realizada com o intuito de preencher as estantes das locadoras.

O longa-metragem, que leva o selo Albert Pyun de qualidade já conhecido pelos admiradores (e também não admiradores) do cinema B, foi lançado em 1996, mesmo ano que esse prolífico cineasta lançou as partes 3 e 4 da sua franquia Nêmesis. Diante disso, o amigo leitor já pode ter uma ideia da pressa que esse filme foi feito.

O cenário do filme Adrenalina é, durante todo o tempo, obscuros corredores de prédios em ruínas (sim, novamente Pyun aborda a temática pós-apocalíptica, tão comum em sua filmografia). Na trama, uma guerra química liberou um vírus mortal que atingiu a Europa. Os europeus sobreviventes fugiram para os EUA e lá foram alojados em campos de quarentena que se tornavam o verdadeiro inferno na Terra, repletos de violência e caos, ingredientes essenciais para fazer um bom (e até ruim) filme B de ação.

Essa obra, dirigida e escrita por Pyun, foi filmada no leste europeu em cenários escuros e corredores decrépitos. E como não havia muito dinheiro disponível para uma equipe gigantesca de filmagens, muitos figurantes eram de lá mesmo.

No elenco tem a gostosa atriz Natasha Henstridge, que um ano antes estava no filme Species, longa-metragem mais endinheirado que esse Adrenalina. 


Além da Natasha, há no elenco o Christopher Lambert, ator que durante os anos 80 e 90 parecia ser onipresente em tudo quanto era filme de ação (acredito que o cara apenas não esteve em mais filmes que o Samuel L. Jackson porque isso é humanamente impossível).

Natasha interpreta a policial novata Delon, que ao lado da sua equipe está encarregada de investigar estranhos gritos oriundos de um prédio detonado próximo da zona de confronto. Durante a missão, Delon descobre que nos escuros corredores do prédio abandonado habita uma criatura mutante, ávida para estraçalhar qualquer intruso. Para auxiliar a moça a enfrentar o bicho, entra em cena o policial casca-grossa interpretado por Christopher Lambert.


Tendo em mãos uma grana que não pagaria nem mesmo um churros vendido pela Dona Florinda, Albert Pyun sabia que não podia entregar um filme blockbuster repleto de personagens, cada um explicando os seus dramas e motivações. Tão pouco poderia construir cenários grandiosos, explodir coisas e e efetuar demais pirotecnias. Sendo assim, o roteiro foi direto ao assunto, mostrando que os caçadores, naquele momento, acabaram se tornando a caça. Pyun elaborou soluções engenhosas para driblar o limitado orçamento, como por exemplo, filmar rapidamente as aparições do monstro horrendo, já que se a equipe de produção tentasse realmente construir uma criatura, havia o risco do animal parecer um inimigo dos Power Rangers.

Apesar das visíveis limitações, o diretor até que consegue surpreendentemente criar uma atmosfera tensa no decorrer de algumas cenas. Inclusive há momentos interessantes com a câmera em primeira pessoa.


Adrenalina pode ser encontrado em duas versões. A versão lançada no Brasil em VHS e DVD é a edição norte-americana e apresenta um menor tempo de duração. Na Europa, foi lançada uma versão mais longa, com 94 minutos. 

Adrenalina - Recomendado para: Quem não se importa em ver Natasha Henstridge sendo perseguida por uma criatura em um prédio em ruínas.
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