Tropas Estelares - O filme incompreendido do Paul Verhoeven



Em 1959 foi publicado um livro chamado Tropas Estelares, obra do escritor Robert A. Heinlein, mesmo autor do igualmente interessante Um estranho em uma terra estranha. No livro, narrado em primeira pessoa, temos a história de um soldado chamado Johnny Rico que, ao ver nosso amado planeta ser atacado por indesejáveis insetos gigantes, é convocado para lutar contra tal ameaça.

Na narrativa é possível perceber em uma sociedade do futuro valores que não perdem em nada para a rigidez bélica do regime que predominou em Esparta na Grécia Antiga. No livro, são salientados os ideias das forças armadas, tais como honra, coragem, altruísmo e até um nítido desdém para os pobre zé coitados que não são afeitos ao cotidiano militar. Por isso, não raras vezes, muitos já consideraram que Tropas Estelares, livro vencedor do prêmio Hugo em 1960, flerta levemente com ideais fascistas.

Em 1997 veio uma adaptação cinematográfica do livro. O longa-metragem foi roteirizado por Ed Neumeier e dirigido por um Paul Verhoeven ainda com colhões para fazer blockbuster subversivos. Ou seja, se o livro exaltava a filosofia militar, o filme achincalhava sem medo as forças de guerra.

Pode-se considerar que, em Tropas Estelares, a dupla Ed Neumeier e Paul Verhoeven entregou um produto que, em certos aspectos, lembra o excelente Robocop, filme que marcou a parceria em que eles trabalharam em 1987. 

Assim como no filme do policial do futuro, o roteiro de Tropas Estelares tira sarro das instituições e da mídia com um humor pontual, enquanto a câmera de Paul Verhoeven em nenhum momento desvia o foco da sensualidade e da violência por vezes caricata, criando assim propositalmente uma produção B, porém com um orçamento de filme grande. Diante de tais características, a crítica da época meteu o sarrafo no filme sem dó nem piedade.


A trama do longa-metragem apenas pega a premissa básica do livro e mostra as aventuras de um soldado novato na luta contra insetos gigantes.

É interessante notar que no livro o narrador cita que para enfrentarem os alienígenas, os milicos devem usar uma espécie de exoesqueleto. Tal estrutura de combate lembra um pouco as armaduras que aparecem no segundo filme do Alien, no Distrito 9 e no bacana No Limite do Amanhã


Porém no longa-metragem do Paul Verhoeven, os soldados enfrentam as aranhas tamanho família praticamente com a cara e a coragem, fato esse que torna a coisa ainda mais insana. É até divertido ver soldados e também soldadas encarando de igual para igual as horrendas criaturas, inclusive a combatente interpretada pela atriz Dina Meyer é bem aprazível aos olhos. 



E falando em elenco, para variar há também o ator Michael Ironside interpretando novamente um personagem que, em uma determinada cena, perde o braço.

Nos anos posteriores Paul Verhoeven abandonou a franquia, mas ainda assim Tropas Estelares rendeu mais dois filmes live-action que se perdem totalmente e vão facilmente do ruim ao ridículo. 

Starship Troopers - Invasion


Em 2012 foi lançada Starship Troopers - Invasion, uma animação dirigida por Shinji Aramaki que até consegue ser minimamente decente, contudo, é desprovida da perspectiva crítica que permeava o filme original lançado em 1997.




Filme: Tropas Estelares
Diretor: Paul Verhoeven
Ano de Produção: 1997
Gênero: Ação
Tempo de duração: 129 minutos


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