Divertida Mente (2015)



Se levar em conta o que foram os últimos filmes da Pixar, ainda bem que nos seus acertos o trabalho do estúdio da lampadinha foi realmente memorável.
O último que havia ficado gravado na minha mente, "Toy Story 3", é um filmaço daqueles de dificultar assistir outros depois, porque nada parece tão bom filme com o saldo obtido na última aventura dos brinquedos do Andy.
Agora, convenhamos que, o que veio a seguir parecia ter um esforço pra diminuir o crédito da Pixar frente ao público (até porque passava pela droga do "Valente").
Isso até 2015.



Foi obra dos diretores Pete Docter, Ronnie Del Carmen esse "Divertida Mente".
E esse Pete Docter aí, é ninguém menos que o cineasta responsável por "Up: Altas Aventuras", e "Monstros S.A.", o que traz a possibilidade de usar várias frases clichê a respeito de não mexer em time que ganha, e tal, mas das quais o que importa mesmo é saber se ele perdeu o jeito nesse trabalho de 2015, ou mesmo se alguma fórmula característica roubaria a chance de criar outro grande filme.
A trama, que poderia ter sinopse de Sessão da Tarde ao mostrar a menina Riley (dublada pela Kaitlyn Dias) incomodada com a mudança da família, da casa em que ela se criou, desvia do perigo ao concentrar o poder de fogo no que se passa na mente dela.
Quem protagoniza o longa-metragem é uma das emoções que aperta botões e teclas conduzindo as decisões da Riley, e isso torna a trama bem mais interessante.
No âmbito administrativo do cérebro dela, estão Alegria (Amy Poehler), Medo (Bill Hader), Raiva (Lewis Black), Nojinho (Mindy Kaling), e a rejeitada Tristeza (Phyllis Smith), e apesar de ser emprego deles, parece que apenas a primeira faz um pouco mais de ideia do que está fazendo ali.


Os coadjuvantes são ótimos, e mesmo no caso dos que estão mais pra exercer um papel na trama, do que ser destaque, os minutos em cena existem pra roubar atenção, e se fazer lembrar.
Mas apesar de ter um elenco repleto de carisma e personagens interessantes, é sem dúvida a dicotomia entre a Alegria e a Tristeza o que habita no cerne da mensagem principal que Divertida Mente se propõe a explorar.
Em seu roteiro cheio de criatividade, sem soar cult, e apartado de emoções piegas ou melodramáticas, o filme é bem explorado pela direção, em suas possibilidades todas de mostrar um universo inteiro existindo na mente de uma adolescente, com direito ao amigo imaginário esquecido (dublado pelo Richard Kind) que consegue roubar a cena, em sequências que usam muito bem o tom de aventura e drama, no seu passeio entre parques-temáticos referenciais de personalidade, e o temido infinito vale do esquecimento.


Animação e tudo mais que o roteiro precisa são realizados pra que a história se faça real na forma de cinema no patamar do impecável, e mesmo que o impacto final ainda não tenha se igualado ao de Toy Story 3, Divertida Mente é sem dúvida um longa-metragem pra incluir na lista das obras de arte do estúdio que nos convidam a uma reflexão a mais durante a aventura, e mesmo depois que o filme acaba.
Humorado na medida, com aventura não histriônica, e repetindo acertadamente o padrão de história e narrativa que multiplica seu rendimento em bilheterias por exigir a presença dos adultos junto às crianças na sessão, mas que no final deixa marmanjos e marmanjas com a certeza de que valeu e muito estar no cinema nesse dia.



Quanto vale:


Divertida Mente. Recomendado para: todo mundo.

Divertida Mente
(Inside Out)
Direção: Pete Docter, Ronnie Del Carmen
Duração: 94 minutos
Ano de produção: 2015
Gênero: Drama/Comédia/Aventura


Confere no LINK a crítica dos outros indicados ao Oscar 2016.

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