No
2015 em que Ash
enfim emergiu das profundezas do seu trailer pra esmigalhar o crânio
do mal, e com ele as trucagens e efeitos lindamente emulando o que
havia de caseiro em Evil Dead (e
é claro que não tô falando daquele arremedo lançado em 2013), este Turbo
Kid marcou presença em listas
de filmes esperados de muito crítico mundo afora, com uma proposta
reverenciando muito que foi representativo na época dos primeiros
Evil Deads.
Um
resgate que em um rápido vislumbre de seu trailer de divulgação
deixou salivando quem acostumou a ouvir que certos subgêneros
dialogando com o trash eram uma espécie de sub-cinema.
Acontece
que na obra dirigida por François
Simard, Anouk Whissell, e Yoann-Karl Whissell,
muito mais do que homenagear esse lado tosco (e criativo. Destaco
isso) da força cinematográfica, a tenteada é de realizar um filme.
Algo que se justifique existir por mais do que a replicação
nostálgica de elementos em desuso no mainstream. Um filme em que seu
roteiro é o motivo principal pra assistir, mas que vai ter que
rivalizar com as técnicas empregadas, na atenção do espectador.
E
aí se encontra o principal risco de um trabalho desses.
Enquanto
no pipocão CG os efeitos especiais fazem da maior parte dos filmes
de alta arrecadação um videoclipe de 2 horas, uma trasheira bem
executada pode acabar se tornando apenas isso (com exceção da
altíssima bilheteria), caso o roteiro, e atuações não segurem o
tranco.
Em
"Turbo Kid",
o personagem-título interpretado pelo Munro
Chambers vive no seu mundo
arrebentado pelo pós-apocalipse noventista em que a trilha sonora,
efeitos especiais que sujam a roupa dos atores, e alguma canastrice
ajudam a curtir mais ainda o enredo.
O interessante contraponto ao sorumbático ainda não herói, é apresentado com a chegada de Apple (Laurence Leboeuf), a personagem feminina que não serve pra melo-romance, mas é a impetuosidade que ele precisava.
Se
ficar claro (e pra mim ficou) que o clima de despretensão da
produção é peça fundamental, e que apesar de ele ter sido
selecionado pro Festival de Sundance não se trata de um dos
atentados em forma de pseudo-cultizados longa-metragens que
homenageiam fingindo serem o que não são, "Turbo
Kid" corre o sério risco
de lhe divertir um monte.
Dessa
forma, o vilão (Michael
Ironside) que responde aos
algozes com separação dos órgãos alheios, seu capanga com máscara
de caveira em uma possante bicicleta (Edwin
Wright), e o anti-herói
casca-dura (Aaron Jeffery)
vão lhe parecer completamente coerentes à proposta de cinema que os
diretores decidiram realizar.
François
Simard, Anouk Whissell, e Yoann-Karl Whissell abraçam
a nostalgia e a violência no filme que dirigem sem jamais plantar
expectativa de mais do que seu filme ousa oferecer.
Então,
o melhor é assistir com apetite pro que hoje é chamado de
ultrajante no cinema comercial, personagens de motivações rasas,
reviravoltas simplistas e nenhum medo de ser diversão ligeira sem
maiores reflexões.
Mesmo
que seja inevitável aparecer o letreiro mental com a comparação ao
universo de Mad Max
(ainda mais depois do tanto que tem sido comentado o "Estrada
da Fúria"), "Turbo
Kid" é um filme que não
se faz de rogado, e caga e anda pra auto-censura dos divertidos
momentos em que o nerd das antigas faz a festa diante da arte da
"trucagem feat. groselha".
A
sugestão é desligar o "botão de crítico de cinema que acha
filme melhor quando é algo indicado ao Oscar", ou que entende
que cinema bom tem que vir embalado junto com trilha sonora "épica"
e hora de chorar (hauhuha).
Divirta-se,
apenas.
Isso
é tudo que "Turbo Kid"
tem a lhe oferecer, e é massa que seja assim.
Turbo
Kid. Recomendado para: um
descomplicado e divertido passeio pelo pós-apocalipse.
Turbo
Kid
(Turbo
Kid)
Direção:
François Simard, Anouk Whissell, e Yoann-Karl Whissell
Duração:
93 minutos
Ano
de produção: 2015
Gênero:
Ação/Aventura/Ficção Científica
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